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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

5 CURIOSIDADES SOBRE A CANNABIS ENDÓGENA

Atualizado: 14 de abr.

1. O sistema endocanabinóide existe e é ativo no nosso corpo, mesmo sem usarmos a cannabis.


2. Nós produzimos substâncias similares às encontradas na planta da cannabis (maconha).

Nos anos 90, o laboratório de Mechoulam (Israel) identificou a primeira substância similar a cannabis, ou seja, o primeiro endocanabinóide, no nosso organismo: a aracdonoill etanolamida (AEA), um derivado do ácido aracdônico que recebeu o nome de “anandamida”. Ananda em sânscrito significa bem-aventurança. Pouco tempo depois, o 2-aracdonoill-glicerol (2-AG), um segundo endocanabinóide foi descoberto no nosso organismo.


3. O corpo humano tem diversos receptores, espalhados por todo o organismo, aonde essas substâncias, similares a cannabis, se ligam e exercem a sua ação.


Receptor CB1 - mais frequente no cérebro. Esses receptores regulam uma ampla variedade de funções fisiológicas essenciais e manifestações comportamentais. Atuam na neurogênese, memória, cognição, aprendizagem e coordenação motora, ansiedade e no medo. Também tem ação no apetite, náuseas, temperatura corporal, proteção contra excitotoxicidade, entre muitas outras.



Principais funções biológicas reguladas pelo receptor CB1 localizados em diferentes áreas do cérebro. Adaptado de Flores et all 2013.


Receptor CB2 - estão amplamente distribuídos em todo o corpo, exercendo na maioria das vezes funções pró-homeostáticas, ou seja, pró equilíbrio. Estão presentes em praticamente todos os órgãos periféricos do organismo como: o sistema nervoso periférico, sistema imunológico, sistema cardiovascular, trato gastrointestinal, fígado, pâncreas, pele, pulmão, tecido adiposo, olhos, músculo, osso e sistema reprodutivo. Eles também estão presentes no cérebro, particularmente em células microgliais ativadas (células do sistema imune no cérebro) e em progenitores neurais embrionários e adultos.


Um fato muito interessante é que os receptores CB2 só se encontram em quantidades consideráveis nos órgãos quando ocorre um desequilíbrio, ou seja, os receptores CB2 parecem ser ativados apenas sob demanda, para restaurar condições desequilibradas, constituindo um mecanismo homeostático de proteção,


Outros receptores não canabinóides - Vários outros receptores não canabinóides podem ser modulados por endocanabinóides ou canabinóides derivados de plantas. Para a maioria desses receptores, esses canabinoides não são seus ligantes primários, mas sim alternativos.


Alguns desses receptores controlam funções importantes para a homeostase de órgãos e de tecidos e têm um impacto sobre o potencial terapêutico da Cannabis:

  1. Receptores acoplados à proteína G: GPR55, GPR18, GPR119, receptores de opioides, receptores de serotonina, receptores de acetilcolina muscarínica, receptores de adenosina.

  2. Canais de íons: TRPV1 (também conhecido como receptor vaniloide), TRPM8 e muitos outros canais de TRP, receptores de serotonina 5-HT3, receptores nicotínicos de acetilcolina.

  3. Receptores nucleares: PPARα, PPARγ, PPARδ.


4. A união dos receptores canabinóides, com as substâncias similares a maconha produzidas no nosso organismo - substâncias endocanabinóides - constituem o sistema endocanabinóide (SEC).


As funções do Sistema Endocanabinóide, foram resumidas em 1998 pelo Professor Vincenzo Di Marzo:

  • Relaxar;

  • Comer;

  • Dormir;

  • Esquecer de situações desagradáveis;

  • Proteger.

O SEC regula a maioria dos processos fisiológicos, portanto, diante de um desequilíbrio fisiopatológico, ele pode ser usado tanto para estimular quanto para inibir a atividade dos diferentes sistemas. Através desta dualidade de respostas fisiológicas, o SEC está envolvido tanto na proteção e no desenvolvimento e/ou progressão de distúrbios cardiovasculares, neurológicos, imunológicos, metabólicos e gastrintestinais, dentre outros.


5. Na maioria dos animais, com exceção dos insetos, existe um

sistema de comunicação do tipo SEC.


Quando o SEC está equilibrado, todos os sistemas fisiológicos provavelmente funcionam sem anormalidades. Tanto o estresse físico quanto o mental, ou mesmo as mudanças no ambiente, podem desequilibrar o SEC, o que, por sua vez, pode contribuir para as doenças.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na niversité de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



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