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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

DA OBESIDADE AO PESO IDEAL - ENFIM UMA LUZ NO FIM DO TÚNEL. Post 23 Obesidade.

Atualizado: 8 de set. de 2021




Participei no sábado 21 de agosto de 2021 do evento médico “Obesidade em Destaque”, aonde Lee Kaplan, ex-presidente da Sociedade de Obesidade Americana e chefe do Centro de Obesidade da Harvard Medical School, apresentou um conjunto de estudos que mostram as imensas dificuldades que as pessoas que apresentavam um excesso de peso tem para manter o peso ideal após terem conseguido perder o excesso do peso.


A dificuldade em perder e manter o peso adequado fica evidente quando vemos que nenhum país do mundo conseguiu diminuir as taxas de obesidade nos últimos 40 anos.


Alguns pontos em destaque da apresentação do Dr. Lee Kaplan:

  • A nossa massa de gordura é estritamente regulada por diversos mecanismos para permanecer estável e adequada. A obesidade resulta em um desequilíbrio dos mecanismos cerebrais que permitem o controle apropriado da gordura corporal. Por diversos motivos a pessoa obesa perdeu a capacidade de manter a massa corporal adequada e passa a ter sua massa de gordura regulada para se manter no seu nível mais alto.


  • Os motivos desse desequilíbrio no caso do estoque de gordura corporal não são totalmente conhecidos. Diversos fatores estão associados nos estudos a esse desequilíbrio metabólico:

    1. Excessos alimentares crônicos;

    2. Músculos não saudáveis pelo sedentarismo

    3. Ciclo circadiano

    4. Falta de sono

    5. Medicamentos que induzem ganho de peso

    6. Poluição ambiental;

    7. Disruptores endócrinos que são substâncias diversas que interferem no metabolismo alterando a função de diversos hormônios causando diversas doenças, como a obesidade, hipotireoidismo, câncer e diversas outras doenças. Esses disruptores endócrinos estão presentes na nossa vida de forma constante, eles são os agrotóxicos, dioxinas e ftalatos que podem estar presentes na nossa alimentação.

    • Kaplan apresentou um estudo aonde a gordura foi retirada por sucção (lipoaspiração) em mulheres não obesas para determinar se o tecido adiposo se recompunha. Após um ano a pessoa voltava a apresentar taxas semelhantes de gordura corporal que apresentava antes do procedimento, mostrando claramente que o organismo tende a manter a gordura corporal nos seus níveis máximos obtidos. Esses resultados foram observados também em estudos animais. Kaplan cita outros exemplos em que o corpo tende a voltar ao seu tamanho original como o sangue, que quando há perda, ou doação, tende com o passar dos dias a produzir mais células vermelhas até voltar à mesma condição de sempre. O mesmo ocorre com o fígado que após ter uma parte retirada tende a voltar a crescer.


  • Estudos em animais superalimentados com sonda mostrou um resultado semelhante. Em um grupo de animais subdivididos em 3 grupos:

    • Primeiro grupo - superalimentado por sonda,

    • Segundo grupo - receberam comida à vontade,

    • Terceiro grupo - restrição alimentar

Como esperado o 1º grupo engordou e o terceiro emagreceu. Mas, após o final desse período, todos foram expostos a comida livre e, após algumas semanas o peso dos três grupos volta a ser igual ao que era antes do estudo.


  • Nos humanos, vários experimentos mostram resultados semelhantes, com aumento do apetite e redução do metabolismo após restrição e o inverso após um período de superalimentação forçada, o que mostra que não basta comer mais calorias do que gasta para apresentar obesidade. É preciso que o cérebro sofra um processo de desequilíbrio e passe a reconhecer esse peso maior como o peso normal, e a partir daí faça tudo para tentar mantê-lo nesse ponto.


  • Comer menos não trata a obesidade porque no obeso já existe um desequilíbrio dos mecanismos regulatórios do estoque de gordura. Estudos acompanhando pessoas em dieta de baixas calorias mostram no primeiro momento uma grande perda de peso. Após passar para a manutenção não importa o método usado. O resultado desses estudos mostram que após 12 meses do final da dieta restritiva, metade do peso perdido é recuperado e o restante recuperado ao longo dos anos. Apenas 5% das pessoas conseguem manter o peso a longo prazo. Isso acontece porque o organismo faz o necessário para voltar ao peso mais alto, o gasto energético é diminuído e o apetite aumentado até a recuperação total do peso inicial


Esses estudos mostram que simplesmente comer menos e passar a ter hábitos de vida mais saudáveis nem sempre são suficientes para tratar a obesidade, pois a fisiologia continua anormal, e por isso é preciso implementar outras estratégias que tentem agir exatamente nessa fisiologia!


Esses novos conceitos mostram que a obesidade é uma doença e que atualmente existem medicamentos mais fisiológicos, como a semaglutida, que tem apresentado excelentes resultados no tratamento da obesidade.


Dr Kaplan quando questionado sobre a duração do tratamento das pessoas obesas afirmou que, quando o tratamento é bem sucedido precisa ser mantido pelo resto da vida. Ele deu como exemplo a hipertensão, que da mesma forma que a obesidade, é uma doença crônica que pode ser controlada, mas na grande maioria das vezes não é curada. O tratamento da hipertensão leva os níveis pressóricos ao normal, mas se esse tratamento for interrompido a pressão arterial volta a aumentar. O mesmo acontece com a obesidade Quando o tratamento da obesidade é interrompido o peso volta a subir e muitas vezes em níveis superiores aos iniciais.





Para saber mais:

Fat redistribution following suction lipectomy: defense of body fat and patterns of restoration

Obesity (Silver Spring) . 2011 Jul;19(7):1388-95.

Central control of body weight and appetite

J Clin Endocrinol Metab. 2008 Nov;93(11 Suppl 1):S37-50.

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