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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

ALIMENTAÇÃO OCIDENTAL E METAINFLAMAÇÃO.

Atualizado: 15 de abr. de 2024

O consumo de dietas ocidentais, ricas em calorias, produtos industrializados e pobres em fibras, combinadas com excesso alimentar crônico e um estilo de vida sedentário, causa um estado de inflamação metabólica crônica, denominada metainflamação.


A meta-inflamação contribui para o desenvolvimento de muitas doenças não transmissíveis que acometem a nossa sociedade contemporânea. Essas patologias associadas ao estilo de vida representam um crescente problema de saúde pública com dimensões epidêmicas globais.


A metainflamação, que é uma inflamação crônica de baixo grau, contribui para o desenvolvimento das doenças crônicas incluindo a obesidade, a síndrome metabólica associada à obesidade, diabetes mellitus tipo 2, doenças auto imunes, doença hepática gordurosa não alcoólica, doenças cardiovasculares, doenças neurodegenerativas como a doença de Alzheimer, bem como vários tipos de câncer.


As melhoras nas condições de saneamento, acesso a água limpa, desenvolvimento implantação de vacinas e antibióticos, e a educação em saúde contribuíram para uma redução substancial das doenças infecciosas nos últimos dois séculos em países desenvolvidos. Durante o mesmo período, a expectativa de vida aumentou dramaticamente, e as doenças não transmissíveis, tendo na base a metainflamação, hoje causam mais de 80% das mortes nas sociedades ocidentais. Além disso, essas doenças crônicas aparecem nas últimas décadas da vida encurtando o tempo de vida útil saudável, comprometendo a qualidade de vida e causando um crescente ônus socioeconômico.


A DIETA OCIDENTAL E A METAINFLAMAÇÃO: ASSOCIAÇÃO OU CAUSA?


Um conjunto crescente de evidências científicas sugere que o estilo de vida ocidental desencadeia processos inflamatórios que estão causalmente ligados aos principais problemas de saúde nas nações ocidentalizadas.


Uma das mudanças no estilo é o aumento do consumo de dietas do tipo ocidental, que inclui alimentos processados, produtos de conveniência, lanches, sucos e refrigerantes, açúcar refinado, adoçantes, sal, farinha branca, carnes processadas, gorduras processadas e aditivos alimentares. Nessa dieta faltam fibras, vitaminas e minerais e outras moléculas derivadas de plantas como antioxidantes e polifenóis.


Além disso, a dieta ocidental é particularmente densa em energia e alimentos que exibem altos índices glicêmicos, o que significa que eles provocam um rápido aumento da glicose no sangue, uma alta ingestão calórica em curto período, picos rápidos de glicose e insulina no plasma e subsequente aumento de gordura no tecido adiposo.


Recentemente, vários estudos mostraram que esse padrão alimentar do tipo ocidental está associado com aumento dos marcadores séricos de inflamação.


Em contraposição, a dieta mediterrânea, por exemplo, baseia-se no consumo de grandes quantidades de vegetais, frutas, cereais, legumes, nozes, peixe e no uso de azeite de oliva como a gordura culinária principal. A dieta mediterrânea está associada a um risco metabólico e cardiovascular reduzido e com marcadores imunológicos não inflamatórios.


O azeite de oliva extra virgem e o ômega 3 da dieta mediterrânea apresentam propriedades anti-inflamatórias. Outro componente benéfico dessa dieta são as fibras, que são abundantes em vegetais, frutas, legumes e grãos integrais.


As fibras dos alimentos diminuem o seu índice glicêmico, diminuindo a velocidade de absorção dos carboidratos e diminuem a absorção de das gorduras. Certas fibras não digeríveis são fermentadas em ácidos graxos de cadeia curta, como o acetato, propionato e butirato, que atuam localmente no intestino, mas também podem entrar na circulação aonde, além de seu efeito anti-inflamatório, modulam a respostas imunes através de vários mecanismos.


Além disso, as fibras são um fator principal no desenvolvimento de um microbioma intestinal saudável que participa de diversos mecanismos anti inflamatórios e capazes de participar nos mecanismos que regulam a autoimunidade.





Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para saber mais:

Christ A, Lauterbach M, Latz E.

Immunity. 2019 Nov 19;51(5):794-811.


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