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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

ANTIBIÓTICOS E OBESIDADE NA INFÂNCIA - O QUE ESTAMOS FAZENDO COM NOSSOS FILHOS?

Atualizado: 11 de dez. de 2023


A obesidade infantil e o excesso de peso estão entre os maiores desafios à saúde da população pediátrica.


Indivíduos obesos exibem diferenças marcantes na composição da comunidade microbiana intestinal em comparação com indivíduos magros. Essas alterações na microbiota intestinal ocorrem antes da criança passar a apresentar o excesso de peso. Dados experimentais convincentes sugerem um papel causal dos micróbios intestinais no desenvolvimento da obesidade e dos distúrbios metabólicos a ela associados.


A exposição a antibióticos exerce um impacto devastador na comunidade microbiana intestinal dado o mecanismo de ação dos agentes antimicrobianos.


Estudos epidemiológicos forneceram evidências indicando que a exposição precoce ou repetida na infância a antibióticos está associada ao aumento do risco de sobrepeso ainda na infância, mas o papel causal dessa exposição no desenvolvimento da obesidade não é claro. Estudos em animais mostram claramente a associação dos antibióticos aos desequilíbrios na flora intestinal que resultam em obesidade ao longo do tempo.


Nos USA um estudo recente estimou que, aos dois anos de idade, as crianças já receberam, em média, quase três ciclos de antibióticos e o número de ciclos aumenta para aproximadamente dez aos dez anos.


O uso de antibióticos é particularmente prevalente no período perinatal. A profilaxia antibiótica intra parto é administrada à mãe para prevenir o parto prematuro e reduzir o risco de infecções maternas e neonatais. De acordo com publicações recentes 33–39% dos recém-nascidos nos USA são expostos a antibióticos pelo uso materno durante o parto. No período neonatal imediato cerca de 5% das crianças recém nascidas nos USA recebem antibióticos.


A perturbação da microbiota intestinal causada pela exposição a antibióticos no período perinatal parece programar o recém-nascido para apesentar uma propensão à obesidade, que persiste após a suspensão dos antibióticos e mesmo após a recuperação da microbiota intestinal. Essas crianças passam a ter um risco aumentado de sobrepeso e obesidade posteriormente na infância.


Uma leitura atenta desses relatos revela que a exposição a antibióticos parece ser particularmente prejudicial durante os primeiros seis meses de vida.


Essas observações podem ter sérias implicações no cenário clínico, uma vez que um número substancial de bebês humanos é submetido ao tratamento com antibióticos pela mãe durante o parto ou diretamente no período neonatal imediato.


A terapia antibiótica é frequentemente uma intervenção necessária e que salva vidas em bebês e crianças que sofrem de infecção bacteriana. Mesmo com métodos de diagnóstico aprimorados e prudência na avaliação da necessidade de antibióticos, um número considerável de indivíduos precisa ser exposto a esses medicamentos.


Para minimizar os riscos de longo prazo envolvidos com a exposição precoce a antibióticos, devem ser desenvolvidas terapias complementares com o objetivo de aliviar seu impacto prejudicial sobre a microbiota intestinal e, consequentemente, o metabolismo do hospedeiro.


A reposição de lactobacillus – probióticos – pode oferecer um meio de contrabalancear os efeitos nocivos dos antibióticos e prevenir a obesidade.


Pesquisas futuras revelarão se a promessa de probióticos é verdadeira para diminuir o risco de obesidade após a realização de tratamentos antibióticos.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.


Para saber mais:

Turta O, Rautava S.

BMC Med. 2016 19 de abril; 14: 57.

Neuman H, Forsythe P, Uzan A, Avni O, Koren O.FEMS Microbiol Rev. 2018 1 de julho; 42 (4): 489-499.

Zhang M, Differding MK, Benjamin-Neelon SE, Østbye T, Hoyo C, Mueller NT.Ann Clin Microbiol Antimicrob. 2019 21 de junho; 18 (1): 18.



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