A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer - IARC -, que pertence a Organização Mundial da Saúde, declarou no dia 13 de julho de 2023 que o aspartame, um adoçante artificial amplamente utilizado em bebidas dietéticas e alimentos com baixo teor de açúcar, pode causar câncer.
A declaração por uma agência da OMS de um risco de câncer associado ao aspartame reflete a primeira vez que o proeminente órgão internacional se pronunciou publicamente sobre os efeitos do quase onipresente adoçante artificial. O aspartame tem sido um ingrediente controverso por décadas.
Embora os estudos, que tenham dado origem a classificação do aspartame como possível agente cancerígeno, tenham se baseado no consumo de doses muito elevadas do aspartame ao dia, o Dr. Francesco Branca, diretor do Departamento de Nutrição e Segurança Alimentar da OMS declarou que:
" As pessoas que consomem grandes quantidades de aspartame devem considerar mudar para água ou outras bebidas sem o adoçante."
O aspartame, um dos seis adoçantes aprovados pelos reguladores dos Estados Unidos, é encontrado em milhares de produtos, desde pacotes de aspartame usandos como adoçantes - Zero Cal, Flinn e Gold entre outros, até chicletes sem açúcar, refrigerantes dietéticos, chás, bebidas energéticas e até iogurtes. Também é usado para adoçar vários produtos farmacêuticos.
Para a revisão do aspartame, a IARC convocou 25 especialistas em câncer de 12 nações em Lyon, França, para conduzir a revisão dos estudos existentes. Concluiu-se que havia evidências limitadas de câncer em humanos com base em três estudos que ligavam bebidas adoçadas artificialmente ao aumento do carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de câncer de fígado.
Um dos estudos foi realizado em 2016 e liderado por funcionários da OMS, que analisaram quase 500.000 pessoas na Europa que foram acompanhadas por cerca de 11 anos. O estudo rastreou a ingestão de sucos e refrigerantes dos participantes e a relação com câncer de fígado e ducto biliar. Ele examinou aqueles que bebiam refrigerantes adoçados artificialmente e descobriu que cada porção adicional de refrigerante diet por semana estava associada a um aumento de 6% no risco de câncer de fígado.
Um estudo norte-americano publicado em 2022 por pesquisadores de Harvard, da Universidade de Boston e do Instituto Nacional do Câncer, examinou o consumo de bebidas açucaradas relatado por pessoas em questionários e registros de casos de câncer. Os pesquisadores descobriram um risco elevado de câncer de fígado em pessoas com diabetes que afirmaram consumir dois ou mais refrigerantes adoçados artificialmente por dia.
Um terceiro estudo, liderado pela American Cancer Society, examinou o uso de bebidas adoçadas com açúcar e adoçantes artificiais e os dados de morte por câncer. Encontrou um aumento de 44 % no câncer de fígado entre os homens não fumantes e que bebiam duas ou mais bebidas adoçadas artificialmente por dia. Mesmo ajustando para a massa corporal alta - em si um fator de risco de câncer - os homens tiveram um aumento de 22% no risco, mostram os dados de um suplemento do estudo.
Mais estudos serão necessários para esclarecer os efeitos do aspartame no câncer. Até lá, melhor não usar!
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Eur J Nutr. 2016 Feb;55(1):7-20.
Gieira S Jones 1, Barry I Graubard 2 ett all
Cancer Epidemiol. 2022 Aug;79:102201.
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