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  • Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

AUTISMO E ASPARTAME

Atualizado: 13 de abr.

Nos últimos 40 anos, a prevalência de transtorno do espectro do autismo (TEA) vem aumentando dramaticamente. A prevalência do autismo entre os meninos é quase quatro vezes maior que entre as meninas e, um estudo recente, estimou que aproximadamente 1 em cada 23 meninos dos EUA, com 8 anos ou mais em 2020, foi diagnosticado com TEA.


Os fatores genéticos sozinhos não conseguem explicar esse aumento. Os avanços científicos têm demonstrado que, para que esse aumento da prevalência do TEA ocorra, são necessários também fatores ambientais que modifiquem o ambiente intrauterino ou, que atuem nos primeiros anos de vida, como os metais pesados, pesticidas organofosforados, agrotóxicos e outras toxinas ambientais, medicamentos, alimentação materna, ausência de aleitamento materno, aditivos alimentares, deficiências nutricionais maternas, etc..


Pesquisas recentes mostraram que a ingestão dietética materna de metanol durante a gravidez é associada ao maior risco de desenvolvimento de autismo nos seus filhos. Um dos primeiros estudos que mostram a relação do autismo com o aspartame ocorreu em 2015 e constatou que o consumo de metanol era duas vezes maior entre as mães de crianças com TEA, do que entre mães de crianças com desenvolvimento neurotípico.


O aspartame, um adoçante não nutritivo, líder de vendas nos EUA, é uma fonte importante de metanol dietético e, os produtos adoçados com aspartame constituem a principal fonte de metanol na alimentação.


A possibilidade de que mulheres grávidas possam, sem saber, expor os seus filhos durante a gestação a um risco aumentado de autismo através do consumo de produtos dietéticos adoçados com aspartame durante a gravidez é particularmente preocupante.


O aspartame, há mais de 40 anos, está presente em refrigerantes dietéticos, bebidas dietéticas e em mais de 6.000 produtos dietéticos e farmacológicos entre outros.


Em 1981, a Food and Drug Administration (FDA) dos EUA aprovou o uso do aspartame como adoçante de mesa e em seguida seu uso foi permitido em diversos outros produtos. No final de 1983, a FDA recebeu inúmeras reclamações de reações adversas entre consumidores de aspartame. As queixas incluíam dor de cabeça, ansiedade, depressão, irritabilidade, distúrbios de humor, problemas cognitivos e convulsões. Essas reclamações dos consumidores do aspartame contribuíram para a prolongada controvérsia sobre a segurança do aspartame.


O aspartame é metabolizado no intestino em:

1- Ácido aspártico, um neurotransmissor excitatório;

2- Fenilalanina, que está envolvida na regulação de neurotransmissores;

3- Metanol, cujos metabólitos incluem formaldeído, formato e outras toxinas.


Os impactos neurológicos adversos após o consumo de ácido aspártico, fenilalanina e/ou aspartame incluem alterações nos níveis de neurotransmissores e excitotoxicidade, com impactos adversos na função e na sobrevivência dos neurônios.


Primatas, incluindo os humanos, são vulneráveis ​​ao metanol, cujos níveis sanguíneos aumentam após o consumo de aspartame. As exposições ao metanol e formaldeído resultaram em aumento da apoptose neuronal, neurodegeneração e problemas cognitivos.


Animais expostos ao aspartame e, aos seus metabolitos, apresentaram uma série de problemas (ver figura 1), incluindo níveis aumentados de:

  • Radicais livres,

  • Estresse oxidativo,

  • Peroxidação lipídica,

  • Inflamação e disfunção mitocondrial,

  • Aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica,

  • Excitotoxicidade e apoptose neuronal,

  • Diminuição dos níveis cerebrais de serotonina, noradrenalina e dopamina,

  • Alterações da microbiota intestinal.


Em um estudo recente, realizado nos USA em conjunto com uma equipe espanhola,o consumo de aspartame foi avaliado, de forma retrospectiva, durante a gravidez/amamentação em mães de 235 filhos com transtorno do espectro autista e 121 filhos com desenvolvimento neurotípico. Esse estudo mostrou um risco 3 vezes maior de mães que tinham um consumo regular de alimentos que continham aspartame durante a gravidez/amamentação terem filhos autistas. Nos filhos de sexo feminino essa relação não foi encontrada.


Figura 1. Potenciais impactos e interações do aspartame e seus metabólitos nos fatores de risco conhecidos para o autismo. (OCM: metabolismo de um carbono, incluindo a via de transulfuração, ciclo da metionina e ciclo do folato; GSH: glutationa reduzida, um importante antioxidante envolvido na defesa contra o estresse oxidativo; desintoxicação; manutenção da capacidade de metilação; SAM: S-adenosilmetionina, o principal doador de metila para processos de metilação celular; BBB: barreira hematoencefálica).


A alimentação natural e saudável, rica em plantas variadas (frutas, legumes, grãos e verduras) é parte importante na prevenção de diversas doenças, inclusive do autismo.





Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.




Para saber mais: 0

Daily Early-Life Exposures to Diet Soda and Aspartame Are Associated with Autism in Males: A Case-Control Study.

Fowler SP, Gimeno Ruiz de Porras D, Swartz MD, Stigler Granados P, Heilbrun LP, Palmer RF.Nutrients. 2023 Aug 29;15(17):3772.

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