O transtorno do espectro do autismo (TEA) é caracterizado por uma associação com doenças neurológicas, psiquiátricas e médicas. Algumas dessas comorbidades acontecem com tanta frequência que é difícil entender se são comorbidades ou um traço coexistente.
As condições concomitantes no autismo mais comuns são deficiência intelectual, distúrbios de linguagem, distúrbio de déficit de atenção e hiperatividade, epilepsia, problemas gastrointestinais, distúrbios do sono, ansiedade, depressão, distúrbio obsessivo-compulsivo, distúrbios psicóticos, distúrbio desafiador de oposição e distúrbios alimentares. Eles são bem conhecidos e estudados.
A enxaqueca é a terceira doença mais prevalente no mundo, a terceira causa de incapacidade em menores de 50 anos e afeta cerca de 1 bilhão de pessoas em todo o mundo. Afeta 2% das crianças de cinco anos e 18% de 13-14 anos e surpreendentemente poucos estudos investigam a comorbidade entre autismo e enxaqueca.
Tanto as pessoas com autismo quanto as pessoas com enxaqueca compartilham um processamento sensorial atípico e diversos fatores etiológicos são comuns no autismo e na enxaqueca.
Alguns estudos realizados encontraram uma alta taxa de comorbidades psiquiátricas no autismo, sendo depressão e ansiedade as mais frequentes. Em autistas adultos a enxaqueca também apresentou uma alta prevalência, assim como de epilepsia e convulsões, havendo uma associação entre a enxaqueca e epilepsia. Houve também uma associação entre os casos de ansiedade generalizada e hiper-reatividade sensorial com a enxaqueca.
Mais estudos são necessários para avaliar a frequência da associação da enxaqueca e TEA.
Devido à dificuldade enorme que muitas crianças no TEA têm para expressar o que estão sentindo, o diagnóstico de enxaqueca precisa ser pensado nas crianças com TEA que apresentam alterações do comportamento repentinas, ou que aparentam um quadro de dor que não conseguem definir.
Para saber mais:
Luigi Vetri
Brain Sci. 6 de setembro de 2020; 10 (9): 615.