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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

AUTISMO - EXISTE PREVENÇÃO?

Atualizado: 13 de abr. de 2024

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por prejuízos acentuados na comunicação verbal e não-verbal combinados com padrões restritivos e repetitivos de comportamento. A prevalência do autismo vem aumentando significativamente, sendo que todos os estudos feitos a partir da década de 80 mostram um aumento na prevalência a cada ano que passa.


Os fatores desse aumento na prevalência do autismo são multifatoriais e incluem, além das causas genéticas estimadas em 25 a 30% dos casos de TEA, diversos fatores ambientais, maternos e paternos.


Os agentes ambientais podem influenciar os processos epigenéticos por meio de modificações na expressão gênica, em vez de alterações na própria sequência do DNA. Tais mudanças na expressão gênica também podem tornar alguns indivíduos mais suscetíveis aos efeitos de certos tóxicos. A ampla gama de fenótipos de desenvolvimento implica em um processo complexo e individualizado. Além disso, a desregulação da conectividade neuronal, por interações gene e ambiente, pode ser intensificada durante períodos críticos do desenvolvimento fetal, sugerindo a importância dessas interações durante a gravidez. Essa interação gene ambiente é vista em níveis de expressão gênica começando com modificação de histonas e metilação e pode ser influenciada pelos processos metabólicos, como anormalidades imunológicas/inflamação, estresse oxidativo, disfunção mitocondrial, metabolismo de ácidos graxos livres, alterações do microbioma intestinal e desequilíbrio excitatório/inibitório.


Uma meta-análise que incluiu 37.634 crianças com autismo e 12.081.416 crianças neurotípicas destacou vários fatores pré-natais, perinatais e pós-natais associados à prevalência do autismo. Além dessa meta análise, diversos estudos foram feitos para elucidar os possíveis fatores ambientais e concluiram pelos de fatores de risco abaixo:

  • Idade materna e paterna ≥35 anos,

  • Hipertensão gestacional,

  • Diabetes gestacional,

  • Intervalo entre os partos menor do que 18 meses,

  • Hemorragia anteparto,

  • Doenças autoimunes e inflamatórias maternas,

  • Cesariana,

  • Idade gestacional ≤ 36 semanas,

  • Trabalho de parto induzido,

  • Pré-eclâmpsia,

  • Sofrimento fetal ,

  • Baixo peso ao nascer,

  • Hemorragia pós-parto,

  • Sexo masculino,

  • Esposição a tóxicos - metais pesados como chumbo, mercúrio, alumínio e arsênico, agrotóxicos, poluição, inseticidas, ftalatos,

  • Medicamentos: Acetaminofeno, Antibióticos, Ácido valpróico, Acetaminofeno (paracetamol) entre outros,

  • Pouco tempo de amamentação ou introdução precoce de fórmulas,

  • Disbiose (alteração do microbioma) intestinal materna,

  • Deficiencia e excesso de ácido fólico e vitamina B12.


PODEMOS PREVENIR O AUTISMO?

A busca pela etiologia do TEA é desafiadora devido à influência de múltiplos domínios de fatores genéticos e ambientais. No entanto, há evidências de que certas intervenções durante a gravidez podem melhorar os resultados: como cuidados pré-natais de qualidade com especial atenção as doenças maternas como obesidade, diabetes, hipertensão e doenças autoimunes, alimentação saudável, de preferência orgânica, rica em frutas, legumes e verduras frescas que além de fornecer nutrientes importantes para o binômio mãe-bebê, auxiliam na construção de um microbioma intestinal mais saudável. Além disso, fazem parte dessa prevenção a atividade física materna.


Fique longe das exposições a fatores tóxicos como metais pesados, agrotóxicos, detetizações,inseticidas, ftalatos, produtos tóxicos ambientais, uso de medicamentos associados ao desenvolvimento do autismo.


O parto normal e amamentação são também fatores de prevenção importantes.


Embora estressores ambientais e substâncias tóxicas aumentem o risco de desenvolvimento de autismo, existem várias intervenções que podem contribuir para melhorar a resiliência e o resultado do neurodesenvolvimento. Uma das mais estudadas é a suplementação com folato adequada para evitar os danos causados tanto pela falta quanto ​​pelo excesso de suplementação.


A suplementação com ômega-3 (com selo garantindo ser atóxico) e com vitamina D3 tem sido estudadas e podem ter tam´bem um efeito benéfico.


As deficiências de iodo e disfunções da tireoide, apesar de terem associações diretas incertas com TEA, são prejudiciais ao neurodesenvolvimento, e os níveis devem ser monitorados e controlados durante a gravidez. Da mesma forma, os níveis de ferro devem ser monitorados e as deficiências suplementadas.


Finalmente, fatores pós-natais, como amamentação e redução do estresse pós-parto, podem aumentar o papel da ocitocina no desenvolvimento social e ajudar a melhorar o vínculo social com a criança.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para saber mais:

Cheng J, Eskenazi B, Widjaja F, Cordero JF, Hendren RL.

Hipóteses médicas. 2019 junho; 127:26-33.



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