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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

BUMETANIDA NO TEA - OS ESTUDOS CONTINUAM.

Atualizado: 13 de abr. de 2024


Em um post anterior de 2020 apresentei os primeiros estudos que mostraram os efeitos da bumetanida na melhora dos sintomas do autismo. Hoje, além de atualizar no post anterior os mecanismos de ação da bumetanida vou apresentar um estudo realizado recentemente na Universidade de Gotemburgo, Suécia.


Nesse estudo pequeno, 6 crianças com autismo, com idades entre 3-14 anos, foram tratadas com bumetanida em um ensaio clínico aberto de três meses.


A avaliação dos resultados obtidos pelo tratamento foi realizada por uma Pesquisa de Satisfação dos Pais, que consiste em um questionário de 30 itens, agrupados em seis domínios, com cada domínio compreendendo cinco sintomas, que correspondem a comportamentos associados ao autismo. Os pais avaliaram o comportamento de seus filhos após 4 e 12 semanas do início do tratamento com bumetanida em relação ao comportamento da criança antes do início do tratamento.


Essa Pesquisa de Satisfação dos Pais avaliou os seguintes quesitos:


  1. Comportamentos sensoriais motores : 1) coordenação, 2) tolerância ao som, 3) comportamentos estereotipados, 4) nível de atividade, 5) responsividade ao toque;

  2. Expressões de motivação : 1) apetite, 2) sede, 3) hábitos de sono, 4) desejo de interagir, 5) curiosidade / interesse;

  3. Emoções e humores : 1) raiva / agressão, 2) felicidade, 3) ansiedade / choro, 4) paciência, 5) número de dias bons;

  4. Capacidade de resposta social : 1) sorriso, 2) contato visual, 3) comportamento lúdico, 4) comportamento imitativo, 5) cooperação;

  5. Habilidades comunicativas e cognitivas : 1) interesse no mundo, 2) tentativas de se comunicar, 3) número de palavras / sons usados, 4) clareza de comunicação, 5) início de interações;

  6. Hábitos de vida : 1) capacidade de se vestir e cuidar de si, 2) preocupação com o bem-estar dos outros, 3) adequação do comportamento público, 4) enfrentar novas situações, 5) tendência a ser egocêntrico.


RESULTADOS


Os pais de todas as crianças que participaram relataram algum progresso no desenvolvimento de seus filhos após o início do tratamento com bumetanida.


Embora as crianças tenham se diferenciado quanto à evolução do desenvolvimento durante o tratamento, todas apresentaram alguma melhora na área de comunicação e interesse social, melhor contato visual, mais interesse em participar de atividades com outras crianças e mais interesse em estar com a família.


A bumetanida mostrou resultados positivos nos cinco meninos e uma menina, de acordo com a Pesquisa de Satisfação dos Pais (PASS), que mede a mudança dos sintomas, principalmente no que diz respeito às “Habilidades comunicativas e cognitivas”.


EFEITOS COLATERAIS


Quatro crianças tiveram efeitos colaterais dentro de uma semana do início do tratamento, mas esses efeitos negativos desapareceram após a redução da dose e não retornaram quando a dose total foi reinstaurada. Para evitar baixo teor de potássio, todas as crianças foram suplementadas com potássio oral desde o início do tratamento. No entanto, uma criança interrompeu a suplementação de potássio e continuou com níveis adequados de potássio. Volumes de urina ligeiramente aumentados eram comuns. Uma criança apresentou aumento do volume de urina noturno, mas isso foi temporário e o tratamento da criança não foi interrompido. Nenhum outro efeito colateral da bumetanida foi relatado em nosso grupo de estudo aos três meses e durante os acompanhamentos posteriores,

CONCLUSÃO


Vários estudos tem demonstrado o efeito da bumetanida no autismo. Mais estudos são necessários para avaliar se esses efeitos se mantém em estudos maiores, duplo cego, randomizados com maior número de pessoas no TEA.




Para saber mais sobre a Bumetanida: Bumetanida no TEA




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.




Para saber mais:



Fernell E, Gustafsson P, Gillberg C.

Acta Paediatr. 2021 May;110(5):1548-1553

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