top of page
  • Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

FITOTERÁPICOS QUE ATUAM NO SISTEMA ENDOCANABINÓIDE

Atualizado: 14 de abr.

O nosso organismo tem um sistema endocanabinóide aonde os canabinóides produzidos por nós exercem seus efeitos através dos receptores canabinóides - RCB1 e RCB2.


Os receptores CB1 tem seu efeito maior no sistema nervoso central aonde atuam no equilíbrio dos neurotransmissores. Os receptores CB2 tem efeito anti inflamatório e atuam no relaxamento muscular e diminuição da dor.


Os endocanabinoides podem se acoplar a outros receptores além do CB1 e do CB2 , como por exemplo, ao receptor potencial transitório de vaniloide tipo-1 (TRPV1), que no sistema nervoso central são ativados pela anandamida.


O canabinóide mais famoso que nós produzimos é a anandamida que é responsável pela sensação de bem estar, felicidade, melhora do sono e redução da dor. Depois de utilizada é degradada pela enzima enzima FAAH (Fatty Acid Amide Hydrolase).


Diversas plantas podem atuar nos receptores canabinoides exercendo efeitos semelhantes aos canabinoides endógenos e na diminuição da atividade da enzima FAAH, potencializando o efeito da anandamida que, por não ter sido quebrada, irá atuar por um tempo maior.


Essa sinergia entre diversas substâncias químicas, que podem estar presentes em fitoterápicos, e o nosso sistema canabinoide é conhecida como sendo parte do efeito entourage.

Principais fitoterápicos e outras substâncias que apresentam efeito Entourage com os canabinóides:

  1. Acmela oleracea

  2. Zingiber officinale

  3. PEA - Palmitoiletanolamida

  4. Sucupira branca

  5. Lavanda


1. ACMELLA OLERACEA

É uma erva típica da região norte do Brasil, sendo originária da América do Sul. Muito usada no tratamento da dor. Seus efeitos se devem a suas ações anti-inflamatórias com ação anti-COX2, antioxidantes e analgésicas.


Recentemente os estudos mostraram que a Acmella oleracea L inibe a enzima FAAH permitindo que a anandamida permaneça atuante por mais tempo diminuindo a dor e aumentando a sensação de bem estar e felicidade. Além disso, tem ação canabinoide like direta no receptor CB2 sendo um potente redutor das dores.


2. ZINGIBER OFFICINALE

Esta planta, que tem uma história antiga, está incluída nos antigos textos sânscritos e frequentemente mencionados na literatura clássica budista, árabe, grega e romana.


Tem propriedades antioxidantes, anti inflamatórias, neuroprotetoras e uma ação analgésica importante com atividade inibidora da COX-2 e com potenciais impactos terapêuticos sobre a geração de prostaglandinas, tromboxanos e leucotrienos.


Na sua composição encontramos gingerols e shogaols, diversos terpenos - monoterpenoides, sesquiterpenoides - e compostos fenólicos.


Tem ação potente na redução da atividade da enzima FAAH que degrada a Anandamida. A maior persistência da anandamida é respondavel pelo aumento da sensação de bem estar, felicidade e redução da dor.

Recentemente foi lançado o Mitidol que é um fitoterápico composto de Acmella olerácea e Zingiber officinale. Um estudo mostrou que o miditol causa uma potencialização dos resultados no tratamento e prevenção da dor pelos efeitos aditivos desses fitoterápicos combinados no sistema endocanabinóide aonde causam inibição da degradação da anandamida pela FAAH e pelo efeito nos receptores CB2.

3. PEA

PEA -palmitoiletanolamida - é produzida naturalmente no corpo, principalmente no coração, cérebro e músculos, como mecanismo de reparo em períodos de aumento de estresse, dor e inflamação. É um composto de ácido graxo simples que é categorizado como parte da família endocanabinóide estendida.


Atua através de múltiplas vias e mecanismos dentro do corpo para fornecer seus efeitos analgésicos e anti-inflamatórios benéficos.


A PEA atua no sistema endocanabinoide trazendo melhora da dor e do relaxamento muscular através da sua afinidade com os receptores CB1 e CB2 e TRPV1 e inibe a enzima FAAH que degrada a anandamida.

4. ERVA BALEEIRA

A erva baleeira é nativa da Mata Atlântica e seu nome científico é Cordia verbenacea. É encontrada em toda a costa brasileira. Tem propriedades anti-inflamatórias e analgésicas. Possui importante ação anti inflamatória pela inibição da COX2.


É rica em terpenos como: alfa humuleno , alfa pineno e trans carofileno. Promissora no tratamento do Alzheimer devido a presença do alfa pineno na sua composição.


Sua ação no sistema endocanabinóide se dá pela ação do alfa humuleno e do trans cariofileno como agonistas dos receptores CB2, causando uma melhora da dor.

5. SUCUPIRA BRANCA (Pterodon pubescens )

A sucupira branca é uma árvore da espécie Pteredon, que é composta de árvores aromáticas, com 6 a 18 m de altura, distribuídas por toda a região central do Brasil.


Tem ação anti inflamatória, anti oxidante e relaxante muscular sendo muito utilizada no tratamento de quadros dolorosos em geral e nas artrites.


Sua ação no sistema endocanabinóide se dá pela ação do cariofileno (terpeno) que é agonista dos receptores CB2, causando uma melhora da dor.

6- LAVANDA

O óleo essencial de lavanda feito para uso oral (Natur cell) é rico em linanol e linalina. Tem efeito ansiolítico, na modulação da serotonina e no relaxamento muscular.


Atua no sistema endocanabinoide pela ação do linalol.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.




Para saber mais:


Fitoterapia .2020 janeiro;140:104419.

Journal of Nutrition & Food Sciences, Research Article - (2020)Volume 10,



J Pain Res. 2020 Apr 21;13:761-770.


Bodini RB, Pugine SMP, de Melo MP, de Carvalho RA.

Int J Biol Macromol. 2020 Sep 15;159:714-724.


Hoscheid J, Cardoso ML.

Arthritis. 2015;2015:379459.

Commentaires


bottom of page