São muito comuns no TEA os quadros de ansiedade, agressividade, irritabilidade, insônia, resistentes ao tratamento habitual.
Esses sintomas do autismo podem indicar uma dor, um desconforto ou uma alteração sensorial.
Estudos atuais desafiam a crença, amplamente aceita, de que os indivíduos com autismo são indiferentes à dor. Eles têm mostrado que as pessoas no TEA vivenciam a dor de uma forma muito mais intensa. Essa dor pode ser causada por estímulos externos ou do próprio organismo.
No TEA os estudos tem mostrado uma hiper responsividade sensorial que se manifesta clinicamente como uma condição na qual os estímulos não dolorosos como sons, alterações de temperatura, luzes, e vários outros, são percebidos como anormalmente irritantes, desagradáveis ou mesmo dolorosos.
Carly Fleischmann é uma autista não verbal que aprendeu a se comunicar utilizando o computador. Quando pequena digitou suas primeiras palavras no computador “HURT / HELP“, ou seja, “dor/dói” / “ajuda”. Logo em seguida, vomitou atrás do sofá.
Em seu livro "Carly’s Voice" ela relata sua experiencia. Em um dos trechos ela descreve: Minhas pernas estão pegando fogo, como se centenas de formigas estivessem escalando meus braços.
COMPORTAMENTOS QUE PODEM INDICAR DOR OU DESCONFORTO
Perda de aprendizados já adquiridos
Mudança de comportamento repentina
Agitação ou depressão
Acessos de raiva ou comportamento opositor
Distúrbios do sono
Ranger os dentes
Perda de apetite ou mudanças nas preferências alimentares
Aumento da ansiedade
Comportamentos de evitação - evitar a possibilidade de exposição à situação que é percebida como desagradável ou até mesmo dolorosa.
Comportamentos auto estimulatórios - busca de sensações que pode aliviar sentimentos de ansiedade , frustração e tédio.
Resposta sensorial aumentada - sensibilidade aumentada para sons - cobrir as orelhas com as mãos-, luzes e contatos físicos
Andar na ponta dos pés
Posturas ou compressão de alguma região do corpo
Comportamentos agressivos de início súbito ou não motivado
Caretas, sobrancelhas franzidas, estremecimentos e tics
Comportamentos auto agressivos como bater a cabeça na parede, se jogar no chão, e outros
Comer e beber em demasia
Pigarro para limpar a garganta constantemente
Salivação excessiva
Movimentos mastigatórios aleatórios, ficar sugando as roupas ou tecidos
Soluços
Expressões vocais de dor, grunhidos, suspiros, choramingos,
Agitação - movimentos repetidos - andando de um lado para o outro, pulando sem parar
Piscar, olhar parado
ALGUMAS DOENÇAS QUE PODEM ESTAR CAUSANDO DESCONFORTO E PROPICIANDO AS MUDANÇAS COMPORTAMENTAIS:
Dor de cabeça
Dor de ouvido
Dor musculo esquelética
Dor de dente
Convulsões, ou alteração elétrica epileptiforme cerebral subclínica
Constrição intestinal, ou aumento da frequência das evacuações
Dor de garganta
Refluxo gastroesofágico
Esofagite
Gastrite
Colite
Alergias ou intolerâncias alimentares
Desequilíbrio da microbiota intestinal
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Indifference or hypersensitivity? Solving the riddle of the pain profile in individuals with autism.
Tseela Hoffman1, Tami Bar-Shalita et all
Pain. 2023 Apr 1;164(4):791-803.
Front Integr Neurosci. 2019 Jul 18;13:27.
Failla MD, Gerdes MB, Williams ZJ, Moore DJ, Cascio CJ.
Pain Rep. 2020 Nov 16;5(6):e861.
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