O diabetes mellitus gestacional ocorre em 8 % e 14% das gestações e está associado a complicações obstétricas e a um risco aumentado de problemas de saúde de longo prazo para mães e filhos.
Atualmente, os estudos estão mostrando que a microbiota intestinal pode ser muito importante no controle do diabetes gestacional devido a sua ação no equilíbrio da glicose. Além disso, a microbiota intestinal desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde, ela fornece nutrientes e metabólitos essenciais para o funcionamento do intestino, respostas imunológicas e metabolismo energético.
Estudos já demostraram que as mulheres com diabetes gestacional abrigam uma microbiota intestinal diferente das gestantes não diabéticas. Podemos observar:
Menor diversidade de espécies microbianas intestinais.
Diferenças na proporção de bactérias específicas:
Aumento na proporção de bactérias da família Ruminococcaceae no início da gravidez está relacionado ao diabetes gestacional no decorrer da gestação. As bactérias da família Ruminococcaceae são dominantes no metabolismo energético, e estão associadas a um aumento na captação de energia, inflamação e sinalização deficiente de insulina.
Espécies pertencentes ao gênero Faecalibacteriumestão são menos presentes em mulheres com diabetes gestacional. Essas bactérias são capazes de produzir ácidos graxos de cadeia pequena, como butirato, que podem alterar as respostas metabólicas, levando a mudanças na saciedade, armazenamento de gordura e resistência à insulina.
A prevenção e o tratamento do diabetes gestacional passam pelo ajuste dos hábitos alimentares com melhora da microbiota intestinal e atividade física para controle da glicemia e do peso.
O aumento de frutas e vegetais ricos em fibras e nutrientes melhoram o microbima.
Saiba mais:
Outra abordagem potencial para modular o microbioma intestinal e beneficiar o controle glicêmico durante a gestação, é a suplementação com probióticos e prebióticos. Um estudo com 256 mulheres descobriu que a ingestão de prebióticos combinados com probióticos, no caso Lactobacillus rhamnosus e Bifidobacterium lactis, melhorou significativamente os marcadores glicêmicos e reduziu o risco de diabetes gestacional.
Mais estudos são necessários para a maior compreensão do papel do microbioma intestinal no diabetes gestacional.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
MAN B et all
J Perinat Neonatal Nurs. Jul/Sep 2020;34(3):195-198
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