A doença diverticular é uma condição comum em todo o mundo, especialmente nos países ocidentais. Ela ocorre devido a formação de divertículos - que parecem bolsas em forma de balão - que se formam principalmente nas áreas de fraqueza da parede do cólon sigmoide no intestino grosso.
Embora a maioria dos pacientes com divertículos não tenha nenhum sintoma, cerca de 25% dos pacientes apresentam sintomas leves, enquanto 5% dos pacientes apresentam um episódio de diverticulite aguda. Está presente em cerca de 10% das pessoas com menos de 40 anos e aumenta até mais de 70% nas pessoas com mais de 80 anos, sendo a prevalência semelhante em homens e mulheres.
Nos idosos a diverticulite é geralmente causada pelo aprisionamento de fezes duras e ressecadas nos divertículos devido a maior pressão do cólon para expulsar as fezes. A presença dessas fezes compactadas no divertículo resulta em dano e edema da mucosa do intestino, proliferação de bactérias e acúmulo de toxinas causando um processo inflamatório podendo causar dor e nos casos graves perfuração.
Evidências recentes mostraram que os hábitos alimentares e do estilo de vida modificáveis desempenham um papel importante como fatores de risco para o desenvolvimento de complicações diverticulares.
Alimentação:
Aumento de fibras alimentares - Uma recente meta análise avaliou 5 grandes estudos prospectivos sendo que o maior deles, que analisou por 5 anos cerca de 40.000 pessoas saudáveis, observou uma diminuição das crises de diverticulite nas pessoas que consumiam mais fibras. A ingestão de fibras, alcançada pelo consumo de frutas, vegetais e grãos de cereais, aumenta a massa fecal e regulariza os movimentos intestinais, além de atuar como prebiótico no intestino grosso, favorecendo espécies da microbiota intestinal promotoras da saúde e diminuindo o processo inflamatório;
Nozes, milho, semente e pipoca. Em relação a alimentos específicos, um interessante estudo feito na "University of Washington School of Medicine" avaliou a associação entre o consumo de nozes, milho e pipoca e a incidência de diverticulite aguda e sangramento diverticular. Os resultados deste estudo mudaram radicalmente as crenças comuns que recomendavam evitar nozes, sementes, pipoca, milho e outros alimentos com alto teor de resíduos para reduzir o risco de complicações diverticulares. Ao contrário do conselho médico histórico, os autores encontraram uma associação inversa entre o consumo de nozes e pipoca, ou seja, houve uma diminuição do risco de diverticulite com o consumo desses alimentos.
Padrões alimentares: a dieta ocidental com alta ingestão de carnes vermelhas e processadas, grãos refinados, doces, batatas fritas e laticínios com alto teor de gordura foi positivamente associado ao aumento do risco de diverticulite em comparação com uma dieta prudente com alta ingestão de frutas, vegetais, grãos integrais, legumes, aves e peixes, sugerindo que além de um único alimento, a atenção deve ser focada em todo o padrão alimentar.
Carne vermelha: a carne vermelha, particularmente carne vermelha não processada, foi associada a um risco aumentado de diverticulite, Além disso, a substituição de carne vermelha não processada por aves ou peixes pode reduzir o risco de diverticulite. Os mecanismos pelos quais o consumo de carne vermelha pode influenciar o risco de diverticulite ainda não foram estabelecidos. É provável que o aumento do consumo de carne esteja associado a níveis mais elevados de biomarcadores inflamatórios e doenças crônicas e possa levar a alterações da microbiota intestinal favorecendo um estado pró-inflamatório.
Atividade física - diminui em 25% a diverticulite.
Cigarro - fumar é um fator de risco importante da diverticulite
Obesidade - estudos mostram que a redução do peso é acompanhada pela diminuição das crises. A redução do peso é acompanhada a diminuição da inflamação do trato gastro intestinal que é um dos grandes fatores de risco da diverticulite.
Drogas anti inflamatórias não corticoides - vários estudos associam o uso desses medicamentos com o aumento do risco da doença diverticular de colon. O uso regular desses medicamentos aumenta o risco da diverticulite em 70%. O uso regular de AAS aumenta em 25%. Além disso, uma grande meta-análise demonstrou um risco significativamente aumentado de sangramento diverticular, perfuração e formação de abscesso em pacientes com uso desses anti inflamatórios quando comparados a não usuários. 0
Gerenciamento do estresse.
Evitar ficar muito tempo sentado. Em viagens longas fazer uma pausa para uma caminhada.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
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Saiba mais:
Role of Dietary Habits in the Prevention of Diverticular Disease Complications: A Systematic Review.
Carabotti M, Falangone F, Cuomo R, Annibale B.
Nutrients. 2021 Apr 14;13(4):1288.
Rezapour M, Ali S, Stollman N.
Gut Liver. 2018 Mar 15;12(2):125-132.
Piscopo N, Ellul P.Ulster
Med J. 2020 Sep;89(2):83-88.
Diverticulardisease is associated with an increased incidence rate of depression and anxiety disorders.
Loosen SH, Paffenholz P, Luedde T, Kostev K, Roderburg C.
Int J Colorectal Dis. 2021 Nov;36(11):2437-2443
Noz, Milho e Consumo de Pipoca e a Incidência de Doença Diverticular.
Strate, LL
JAMA 2008 , 300 , 907-914.
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