O cérebro para exercer todas a suas funções depende da produção adequada de energia. A glicose é o principal substrato para a produção de energia no cérebro.
Funções cerebrais como pensamento, memória e aprendizagem estão intimamente ligadas aos níveis de glicose e à eficiência com que o cérebro usa essa fonte de combustível. Se não houver glicose suficiente no cérebro, por exemplo, os neurotransmissores não são produzidos e a comunicação entre os neurônios é interrompida.
A insulina é um hormônio secretado pelo pâncreas e desempenha um papel importante na regulação do metabolismo da glicose nos tecidos periféricos. Novos estudos têm mostrado seu papel multifatorial no cérebro: a insulina influencia a bioenergética cerebral, aumenta a viabilidade sináptica e a formação da coluna dendrítica e aumenta a renovação de neurotransmissores, como a dopamina.
A sinalização da insulina no cérebro não apenas desempenha um papel fundamental na regulação do metabolismo da energia cerebral, mas também na regulação do humor, comportamento e cognição. A insulina no cérebro também modula a resposta inflamatória.
A resistência à insulina, ou sensibilidade prejudicada à insulina, é definida como uma falha das células musculares, adiposas e hepáticas conseguirem captar ou armazenar a glicose do sangue de forma eficiente, o que é essencial para a vida e para a regulação dos níveis de glicose (açúcar) no sangue. Como resultado, o pâncreas produz cada vez mais insulina para tentar diminuir o aumento dos níveis de glicose no sangue. Isso é chamado de hiperinsulinemia.
A resistência à insulina nos tecidos periféricos ocorre frequentemente na obesidade e na diabetes de tipo II.
Recentemente, em 2022, uma grande coorte de estudos do UK Biobank, que é um banco de dados que contém informações genéticas e de saúde detalhadas de meio milhão de participantes do Reino Unido, encontrou dados significativos que associam a resistência à insulina ao declínio cognitivo:
Doenças/características relacionadas à resistência à insulina estão associadas a pior funcionamento cognitivo.
•As descobertas mais consistentes dizem respeito ao raciocínio verbal-numérico e à velocidade de processamento.
•Alterações estruturais/funcionais imunológicas e cerebrais podem mediar essas associações.
Vários estudos tem associado a resistência à insulina cerebral como um dos fatores que causam ou agravam diversas doenças cerebrais:
Alzheimer - diabetes tipo 3?
Patologia cerebrovascular
Autismo
Esquizofrenia,
Depressão,
Ansiedade
Bipolaridade
Declínio cognitivo
Fatores que causam resistência à insulina
Obesidade, principalmente com aumento abdominal,
Alimentação industrializada, rica em gordura saturada, açúcar e carboidratos de ação rápida (refinados),
Estresse,
Apneia do sono,
Falta de exercício físico.
Fatores que levam a melhora da resistência a insulina:
Redução do peso,
Omega 3,
Atividade física,
Microbiota intestinal (flora intestinal) adequada,
Gerenciamento da inflamação do organismo,
Sono adequado,
Gerenciamento do estresse
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma certificação internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
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Lancet Neurol. 2020 Sep;19(9):758-766
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