1% da população mundial tem doença celíaca, ou seja, após consumir alimentos que contenham glúten seu organismo desencadeia uma resposta autoimune que pode afetar diversos órgãos e causar sintomas diversos: digestivos, neurológicos, endócrinos, ósseos e psiquiátricos.
O QUE É A DOENÇA CELÍACA
A doença celíaca ocorre em pessoas geneticamente predispostas e pode ter início em qualquer fase da vida, embora seja mais comum em crianças, ela pode muitas vezes diagnosticada em adultos e idosos. É mais frequente em mulheres.
Ela depende da exposição ao glúten, que é uma proteína encontrada nos seguintes alimentos: trigo, centeio, cevada, malte e aveia.
A doença celíaca causa uma atrofia da mucosa intestinal, que leva a um prejuízo na absorção de macronutrientes (como carboidratos, gorduras e proteínas) e micronutrientes (vitaminas e minerais) e causa alterações na flora intestinal. A atrofia ocorre devido a um processo inflamatório local, decorrente de uma resposta imunológica muito aumentada, devida a um erro do sistema imunológico.
Além do fator genético que predispõem a doença celíaca como o HLA -DQ2 e HLA-DQ8 existem evidências de que fatores ambientais estejam contribuindo para o aumento da prevalência dessa doença.
A doença celíaca pode se apresentar na forma clássica com predomínio de sintomas digestivos como: diarreia crônica, perda de peso e distensão abdominal.
SINTOMAS PSIQUIATRICOS DA DOENÇA CELÍACA
A doença celíaca pode ser responsável por diversos transtornos psiquiátricas.
Um estudo recente (2020) aonde mais de 3.000 crianças Suecas com doença celíaca foram avaliadas ao longo de 12 anos, uma gama enorme de distúrbios psiquiátricos foram diagnosticados. A doença celíaca foi associada ao aumento de 19% no risco de diversos transtornos psiquiátricos e o aumento do risco foi observado em todas as faixas etárias na infância e persistindo na idade adulta.
Os transtornos psiquiátricos mais frequentes encontrados nas crianças com doença celíaca foram:
Transtornos de humor
Ansiedade
Transtornos alimentares
Déficit de atenção e hiperatividade
Transtorno do espectro do autismo
A doença celíaca também foi associada a um aumento do uso de drogas psiquiátricas nessa população.
Algumas crianças, antes do diagnóstico de doença celíaca, receberam o diagnóstico de:
Transtornos comportamentais
Transtornos de personalidade
Tentativa de suicídio ou suicídio
A doença celíaca infantil está associada a um risco aumentado de transtornos psiquiátricos subsequentes, que persistem na idade adulta. A vigilância da saúde mental deve ser parte integrante do cuidado da doença celíaca.
TRATAMENTO
O único tratamento comprovado e aceito mundialmente para a doença celíaca é a alimentação isenta de glúten para toda a vida.
A grande maioria dos pacientes com doença celíaca responde totalmente a alimentação sem glúten e tem uma expectativa de vida normal, sem complicações.
Nenhuma das alternativas farmacológicas atualmente disponíveis ou em investigação pode ser utilizada como substituto da retirada completa do glúten da alimentação.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
PARA SABER MAIS:
Lebwohl B, et all.
Clin Gastroenterol Hepatol. 2020 Aug 12:S1542-3565(20)31127-7.
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