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  • Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Atualizado: 14 de abr.

A intolerância à lactose ocorre quando seu corpo não consegue quebrar ou digerir a lactose que é um açúcar encontrado no leite e nos produtos lácteos. Isso ocorre quando seu intestino delgado não produz uma quantidade suficiente da enzima lactase que decompõe a lactose dos alimentos em glicose e galactose para que seu corpo possa absorvê-la.


A deficiência de lactase é o tipo mais comum de deficiência de dissacaridase. Os níveis da lactase atingem o pico logo após o nascimento, durante o aleitamento, e diminuem depois disso, apesar da ingestão contínua de lactose.


Em média, 65% a 70 % da população mundial é intolerante à lactose. Ela é rara em crianças menores de 5 anos. É mais frequentemente observado em adolescentes e adultos jovens. Certas populações da espécie humana, como as de ascendência sul-americana, asiática e africana, tendem a desenvolver deficiência de lactase. Pelo contrário, as pessoas originárias do norte da Europa ou do noroeste da Índia geralmente mantêm a capacidade de digerir a lactose na idade adulta.


Pessoas que têm intolerância à lactose apresentam sintomas desagradáveis ​​​​após comer ou beber leite ou derivados:

  • Inchaço abdominal,

  • Gases,

  • Diarreia e/ou alterações no formato, consistência e frequência das fezes,

  • Cólicas e dores abdominais,

  • Estômago gorgolejando ou roncando,

  • Plenitude,

  • Náuseas e vômitos.


Além dos sintomas acima, de forma menos comum, a intolerância à lactose pode causar também dor de cabeça, dores musculares, dores nas articulações, úlceras na boca, sintomas urinários e perda de concentração.


A gravidade dos seus sintomas dependerá da quantidade de lactose que você ingeriu e da quantidade de lactase que seu corpo produz. A intolerância à lactose não é a mesma coisa que ter alergia alimentar ao leite.


DIAGNÓSTICO DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE


Alguns exames podem auxiliar no diagnóstico:

  1. Teste de tolerância à lactose,

  2. Teste do hidrogênio expirado,

  3. Teste de acidez das fezes.

Os testes genéticos não fazem diagnóstico de intolerância à lactose. Eles indicam a probabilidade do desenvolvimento da intolerância à lactose ao longo da vida.


TRATAMENTO DA INTOLERÂNCIA À LACTOSE


1. O primeiro passo é diminuir a quantidade de lactose em sua dieta:

  • Limite os produtos lácteos de maior teor de lactose,

  • Inclua apenas pequenas porções de laticínios em suas refeições regulares,

  • Coma e beba sorvete e leite com baixo teor de lactose.




Alimento

Teor de lactose (g) por 100 g

Conteúdo de lactose por porção típica (g)

Leite (completo)

4.7

15

Leite (desnatado)

4.8

15

Leite sem lactose

<0,1

<0,1

Leite de cabra

4,5

13

Soro de leite coalhado

3,0

9,0

Manteiga

0,5

0,1

Iogurte (fresco)

3,0

9.3

Iogurte (biológico)

4,0

9,5

Requeijão cremoso

3,0

0,9

Queijo macio (por exemplo, camembert)

0,3

0,1

Queijo duro (por exemplo, cheddar e gruyere)

0,1

<0,1

Creme

3.6

3.2

Sorvete suave

6.4

5.7

Café com leite Macchiato

4.3

8.6

Lasanha

1.1

2.6

X-Burger

0,9

1.1

Molhos prontos

3.6

4,5

Pudim/creme

3.6

4,5

Bebidas de arroz, nozes, soja ou aveia

0,0

0,0


2. REPOSIÇÃO DE LACTASE

Além de reduzir o conteúdo de lactose na sua alimentação, suplementos que contenham a enzima lactase em cápsulas ou sachê quebrar a lactose, logo no início de uma refeição que contenha lactose.


3. REPOSIÇÃO DE VITAMINA B6

4. RESTAURAÇÃO DO MICROBIOMA 

O leite é consumidos por algumas populações humanas desde a Revolução Neolítica, cerca de 10 mil anos atrás, mas recentemente houve um aumento nas doenças atribuídas a esse consumo.


É muito pouco provável que o fato de tantos de nós sermos agora incapazes de tolerar a lactose seja um sinal de que não fomos “feitos” para consumir leite e seus derivados. Afinal, os ancestrais de muitos de nós, especialmente aqueles de origem europeia, os vêm consumindo há milhares de anos. É quase como se as mudanças no estilo de vida dos últimos sessenta anos tivesse retrocedido quase 10 mil anos de evolução alimentar humana.


 A origem desse distúrbio não reside apaenas em nosso genoma, mas em nosso microbioma desequilibrado.


Recentemente, a ideia de melhorar a composição da microbiota intestinal com algumas linhagens probióticas selecionadas representa uma abordagem terapêutica válida nas doenças gastrointestinais funcionais. A microbiota pode ser alterada por vários fatores (estresse, estilo de vida, dieta, antibióticos, agrotóxicos, etc.).


Pesquisas recentes sugerem que a formulação das bactérias probióticas abaixo melhoram a flatulência e o inchaço em pacientes com intolerância a lactose:

  • Lactobacillus acidophilus

  • Lactobacillus rhamnosus

  • Lactobacillus casei

  • Bifidobacterium breve

  • Bifdobacterium longum

  • Bifidobacterium infantis

  • Streptococus thermophilus

A introudução de prebióticos para melhora da microbiota intestinal também pode auxiliar na melhora dos sintomas da intolerância a lactose:

O galactooligossacarídeo de cadeia curta (GOS) é um prébiotico que induz a uma mudança no microbioma, aumentando a quantidade relativa de bactérias promotoras da saúde. São encontrados no feijão, grão de bico, ervilha, beterraba e em menor quantidade no repolho, brócolis e cereais integrais.






Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.





Para saber mais:


Toca MDC, Fernández A, Orsi M, Tabacco O, Vinderola G.Arch Argent Pediatr. 2022 Feb;120(1):59-66.



Misselwitz B, Butter M, Verbeke K, Fox MR.Gut. 2019 Nov;68(11):2080-2091.


Brandão Gois MF, Sinha T, Spreckels JE, Vich Vila A, Bolte LA, Weersma RK, Wijmenga C, Fu J, Zhernakova A, Kurilshikov A.Intestino. 2022 janeiro;71(1):215-217.

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