O jejum intermitente tem sido apontado como mais uma opção para melhora do peso e, como consequência, de todas as doenças associadas a obesidade como diabetes, doenças cardiovasculares, doenças neurológicas e envelhecimento prematuro.
O jejum intermitente geralmente consiste em não comer por no mínimo 14 horas consecutivas num dia. No entanto, o melhor resultado está em passar de 16 a 18 horas sem comer. Esse período é o mais próximo do metabolismo ideal. Isso significa que você se alimenta apenas numa janela de seis a oito horas por dia.
Nos últimos 200 anos os seres humanos passaram a ter acesso a uma grande quantidade de alimentos causando uma mudança nos padrões das doenças, principalmente com um aumento das síndromes metabólicas e da obesidade. O jejum intermitente parece restaurar padrões metabólicos celulares mais compatíveis com a fisiologia humana.
O jejum intermitente imita os hábitos alimentares de nossos ancestrais, que faziam intervalos maiores entre as refeições, e restaura um estado mais natural do corpo, permitindo que uma séries de benefícios bioquímicos ocorram. Nos últimos anos, tornou-se cada vez mais evidente que o corpo humano não tem como funcionar, da forma ideal, quando há um suprimento contínuo de calorias.
Quando você come o dia inteiro, e nunca pula uma refeição, seu corpo se adapta a queimar o açúcar como sua principal fonte de energia, o que diminui a produção de enzimas que utilizam e queimam as gorduras armazenadas, comprometendo o processo da utilização dos estoques de gordura do organismo dificultando o processo de perda e manutenção do peso.
O resultado é que você começa a ficar cada vez mais resistente à insulina e a ganhar peso, enquanto a maior parte de seus esforços para emagrecer se tornam ineficazes.
É importante perceber que, para poder perder peso, seu corpo precisa primeiro ser capaz de queimar gordura. O jejum intermitente é uma forma poderosa para seu corpo aprender a queimar as gorduras.
10 BENEFÍCIOS PRINCIPAIS DO JEJUM INTERMITENTE PARA A SUA SAÚDE:
Causa maior sensibilidade à insulina, que é crucial para a saúde, visto que a resistência à insulina está na origem da maioria das doenças crônicas. Melhora o equilíbrio do açúcar no sangue por meio do aumento das taxas de absorção da glicose mediada por insulina e diminui a vontade de comer doce à medida que seu corpo se adapta à queima de gordura em vez de açúcar. Melhora a saúde do pâncreas prevenindo ou revertendo o diabetes de tipo II.
Promove maior sensibilidade à leptina aumentando a saciedade e normaliza os níveis de grelina, também conhecida como o "hormônio da fome", diminuindo a fome.
Aumenta a queima da gordura, melhora a eficiência metabólica e a composição corporal, incluindo reduções consideráveis da gordura visceral e do peso corporal em indivíduos obesos.
Aumenta a produção do hormônio de crescimento humano que desempenha um papel importante na manutenção da saúde, do condicionamento físico e da longevidade, incluindo a promoção do crescimento muscular e o aumento da perda de gordura através da aceleração do metabolismo. 5. Diminui o estado inflamatório do organismo e reduz os danos oxidativos causados pelo excesso de radicais livres. Melhora a eficiência energética e a biossíntese das mitocôndrias. 6. Melhora o sistema imunológico. 7. Reduz os riscos de doenças cardíacas, diminui as taxas de triglicérides e diminui a pressão do sangue. 8. Reduz os riscos de câncer. 9. Aumenta a longevidade. Vários mecanismos fisiológicos desencadeados pelo jejum intermitente contribuem para esse efeito, sendo que normalizar a sensibilidade à insulina é um dos principais, mas o jejum também inibe as vias de sinalização do mTOR, que desempenha um importante papel no processo de envelhecimento. 10. Melhora a função cognitiva e protege contra doenças neurológicas como demência, Alzheimer e Parkinson, graças à produção de corpos cetônicos (subprodutos da quebra dos ácidos graxos, que são um combustível saudável e preferível para o cérebro) e do fator neurotrófico derivado do cérebro – BDNF - que ativa as células-troco cerebrais para que sejam convertidas em neurônios, além de ativar outras substâncias químicas que promovem a saúde neural.
Antes de fazer o jejum intermitente converse com seu médico.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Kang SH, Park YS, Ahn SH, Kim HH.
J Obes Metab Syndr. 2020 Jun 30;29(2):81-83.
N Engl J Med. 2020 Mar 5;382(10):978.
Dong TA, Sandesara PB, Dhindsa DS, Mehta A, Arneson LC, Dollar AL, Taub PR, Sperling LS.Am J Med. 2020 Apr 21:S0002-9343(20)30335-1.