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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

MICROBIOMA INTESTINAL NAS DOENÇAS NEUROLÓGICAS.

Atualizado: 21 de mar.

Uma fração relativamente pequena das doenças humanas crônicas pode ser explicada apenas por fatores genéticos, mas a exposição a fatores ambientais e as interações gene-ambiente desempenham um fator importante no desencadear e na progressão de diversas doenças cerebrais.


O microbioma intestinal - o maior reservatório de microorganismos do corpo humano – formado por comunidades altamente diversas e complexas de microorganismos - bactérias, arquéias, microeucariontes e vírus - está emergindo como um importante fator no neurodesenvolvimento e envelhecimento, bem como nas doenças cerebrais, incluindo Acidente Vascular Cerebral, doença de Alzheimer e doença de Parkinson.


A microbiota intestinal e a saúde intestinal impactam o funcionamento de diversos órgãos, incluindo o cérebro. A colonização precoce do microbioma intestinal é vital para a função e comportamento do cérebro, considerando que sua ausência resulta em um comprometimento da barreira hematoencefálica, alteração da plasticidade das sinapses e déficits de comportamento social.


A comunicação entre o intestino e cérebro é bidirecional. Tanto o cérebro influencia as funções gastrointestinais, quanto a microbiota intestinal também pode influenciar o sistema nervoso central por meio do nervo vago, transmitindo sinais do microbioma intestinal para o cérebro e vice-versa , tanto na saúde quanto na doença.


Diversos estudos tanto em animais, quanto em humanos, tem mostrado alterações no microbioma intestinal no AVC (acidente vascular cerebral), doença de Alzheimer e na doença de Parkinson entre outras.


As bactérias intestinais produzem compostos neuroativos e podem modular a função neuronal, a plasticidade e o comportamento.


Além disso, os microrganismos intestinais afetam o metabolismo do hospedeiro e o estado imunológico que, por sua vez, afetam as vias neuronais nos sistemas nervoso central e entérico.


Essas interações acontecem através do nervo vago e das diversas substâncias químicas produzidas pela microbiota:


ÁCIDOS GRAXOS DE CADEIA CURTA

Acetato, propionato e butirato no intestino. Os ácidos graxos de cadeia curta aumentam a motilidade intestinal, diminuem as citocinas inflamatórias e modulam a tolerância imunológica adaptativa, bem como o nível de hormônios intestinais e neuropeptídeos.


METABÓLITOS D0 TRIPTOFANO

O triptofano é um aminoácido essencial - proveniente da dieta. Vários estudos demonstraram que um aumento no catabolismo do triptofano está associado à gravidade do desfecho do AVC em pacientes e pode estar relacionado à resposta inflamatória induzida pelo AVC.


MOLÉCULAS DERIVADAS DE MEMBRANAS DAS BACTÉRIAS INFLAMATÓRIAS

A endotoxina bacteriana ou lipopolissacarídeo (LPS) é uma molécula que se encontra abundantemente na membrana externa das bactérias gram-negativas e é um marcador de doenças inflamatórias crônicas. A permeabilidade intestinal facilita a passagem através do intestino da LPS e induz uma forte resposta inflamatória que pode passar pela barreira hematoencefálica causando um processo inflamatório cerebral com ativação da microglia.




A alimentação saudável, rica em vegetais e frutas frescas, propicia um microbioma intestinal saudável o que contribui para a saúde cerebral ao longo de toda a vida.






Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.




Para saber mais:


Benakis C, Martin-Gallausiaux C, Trezzi JP, Melton P, Liesz A, Wilmes P.

Curr Opin Neurobiol. 2020 Apr;61:1-9.


Alexandrov P, Zhai Y, Li W, Lukiw W.Folia Neuropathol. 2019;57(3):211-219.





















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