O bebê dentro do útero materno praticamente não tem flora intestinal. Ao passar pela vagina da mãe ele entra em contato com toda a flora vaginal (lactobacillus e prevotella) e ao nascer com a flora anal materna, dando início a sua colonização microbiana que no início da vida se assemelha muito a flora vaginal da mãe. A flora da vagina da mulher se modifica quando ela engravida para se tornar mais adaptada as necessidades iniciais do bebe e após o nascimento aos poucos retorna ao que era antes da gravidez. O lactobacillus johsonii que costuma habitar no intestino delgado, durante a gravidez, migra para a vagina da mulher grávida. Essa microbiota basal é muito importante, tanto no intestino quanto na pele, para a construção de uma flora adequada para os diversos estágios da vida. Os bebês nascidos de cesariana nascem em um ambiente estéril e não tem essa microbiota inicial importante para a saúde. A falta dessa microbiota protetora pode permitir as piores infecções intestinais, inclusive por bactérias hospitalares. Embora a incidência da cesariana esteja aumentando muito, os riscos para a saúde do bebê e da mãe também são mais altos na cesariana. O problema mais comum para o bebê nascido de cesariana são os problemas respiratórios e infecções. 80% dos casos de síndrome respiratória aguda que requer internação do bebe ocorre após as cesarianas. As cesarianas são também associadas ao maior risco de alergias, autismo, diabetes de tipo I, doença celíaca e obesidade. Em alguns centros, quando uma mulher vai dar à luz pela cesariana, são feitas algumas tentativas de transferir flora vaginal da mãe para o bebê, passando um cotonete na vagina da mãe e depois no bebê. A pesquisadora María Domínguez-Bello, da Universidade de Nova York, propõe introduzir gazes esterilizadas na vagina da mãe antes da cesariana e após o nascimento passar essas gazes na boca, rosto e no corpo todo do recém-nascido. Com esse procedimento ela conseguiu fornecer uma flora intestinal mais saudável para o recém chegado.
A flora do bebê vai se modificando e, entre 18 meses e 3 anos, ela passa a se assemelhar a flora adulta e, geralmente se torna semelhante a flora do intestino materno.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Nature Medicine volume 22, pages250–253(2016).
Nossa, quanto conteúdo interessante por aqui.
Estou gestante de 6 meses e tenho algumas manchas de vitiligo (não diagnosticado) no pescoço. Meu obstetra me aconselhou a não amamentar. Segundo ele, em todas suas experiências com mulheres com vitiligo, a amamentação desencadeou a despigmentação da pele para todas as áreas do corpo. Ele não me mostrou nada científico pois trata da experiência vivenciada. Gostaria de saber se há algum embasamento científico nisso. Teria algum artigo para me recomendar?