O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) é uma condição de neurodesenvolvimento persistente de início precoce, definida pela presença de desafios de comunicação e interação social em conjunto com comportamentos restritos e repetitivos e processamento sensorial atípico.
Muitos indivíduos com TEA apresentam disfunção gastrointestinal e imunológica, bem como uma série de condições somáticas e psiquiátricas concomitantes, incluindo distúrbios do sono, epilepsia e ansiedade.
O TEA é uma condição comportamental heterogênea e multifatorial, envolvendo suscetibilidade genética, fatores de risco ambientais e interações gene-ambientais. Um desses fatores de risco ambiental é a microbiota intestinal, que desempenha um papel crítico na fisiologia e na saúde da criança.
A microbiota intestinal nos primeiros anos de vida se beneficia;
Inicialmente da microbiota materna aonde um conjunto bacteriano específico produz metabólitos que influenciam o desenvolvimento do cérebro fetal;
Parto normal;
Aleitamento materno;
Da introdução dos alimentos - plantas variadas (frutas, verduras, legumes; leguminosas e grãos integrais).
Pelo contrário, a cesariana, a introdução precoce de fórmulas lácteas, a dieta pobre em fibras e os antibióticos são nocivos para o desenvolvimento de uma microbiota saudável.
A microbiota intestinal é agora reconhecida como um importante modulador do cérebro e do comportamento, incluindo o desenvolvimento e a função das redes neurais do cérebro representando um novo alvo potencial para intervenção em condições de neurodesenvolvimento, como o TEA.
Muitos estudos mostram que quando a permeabilidade intestinal está alterada, frequentemente a permeabilidade da barreira hematoencefálica, que envolve e protege o cérebro de substâncias nocivas ao seu metabolismo, também está hiperpermeável. Esse aumento da permeabilidade da membrana hematoencefálica permite que substâncias inflamatórias vindas do intestino e de outras regiões do corpo, passem a causar inflamação no cérebro.
Diversos estudos tem mostrado as diferenças entre a flora intestinal das crianças neurotípicas e das crianças no TEA. Um estudo recente mostrou que os bebês que aos 5 meses de idade abrigavam no seu intestino menos Bifidobacterium e mais espécies de Clostridium e Klebsiella foram mais frequentemente diagnosticados com TEA aos 36 meses. Eles encontraram também uma menor excreção do GABA no grupo que desenvolveu o autismo. Experimentos in vitro apoiaram essas observações, demonstrando que as Bifidobactérias podem produzir GABA enquanto os clostrídios podem consumi-lo.
Crianças com autismo podem apresentar uma seletividade alimentar importante com grande impacto na qualidade da microbiota intestinal.
Nos casos de desequilíbrios da microbiota intestinal a melhora alimentar e o uso de prebióticos, probióticos, posbióticos e psicobióticos podem contribuir para a melhora da microbiota intestinal.
Para saber mais:
Transl Psychiatry. 2023 Jul 13;13(1):257.
Cell Metab. 2021 Dec 7;33(12):2311-2313.
Roberta Grimaldi, Glenn R. Gibson, et all.
Microbiome volume 6, Article number: 133 (2018)
Taniya MA, Chung HJ, Al Mamun A, Alam S, Aziz MA, Emon NU, Islam MM, Hong SS, Podder BR, Ara Mimi A, Aktar Suchi S, Xiao J.Front Cell Infect Microbiol. 2022 Jul 22;12:915701
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