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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

OBESIDADE: GORDURA OU CARBOS? - PAPEL DO GENE CLTCL1.

Atualizado: 14 de abr. de 2024

Porque algumas pessoas tem mais facilidade para engordar ou a desenvolver diabetes mesmo comendo refeições semelhantes as outras pessoas? Algumas pessoas sofrem no peso as consequências de uma quantidade maior de carboidratos na alimentação, outras tem um aumento maior no peso com as gorduras. Um dos motivos dessa diferença pode estar nos genes.


Existem muitas razões para que a obesidade ocorra, mas, uma delas é a genética. Embora diversos genes estejam associados a maior ou menor facilidade no ganho de peso, os efeitos das variações do gene da clatrina - CLTCL1 são muito interessantes.


Uma publicação conjunta de pesquisadores ingleses e americanos de de 2019 levantou uma hipótese muito interessante a respeito do alelo V1316 do gene CLTCL1 que propiciaria uma vantagem evolutiva no processamento de dietas ricas em carboidratos dos agricultores, em comparação com o alelo M1316 do mesmo gene, encontrado em frequências um pouco mais altas em caçadores-coletores (que teoricamente consomem menos carboidratos). Ou seja, os caçadores coletores eram geneticamente predispostos a metabolizar melhor a dieta que consumiam, que era mais rica em proteínas mas continha menos carboidratos. Com o desenvolvimento da agricultura a alimentação passou a incorporar uma maior quantidade de carboidratos e as pessoas que tinham a variação V1316 passaram a metabolizar melhor os novos alimentos.


Os autores sugerem que as pessoas que tem esse gene em heterozigose, ou seja, um alelo de cada tipo, podem ter uma vantagem seletiva pois metabolizariam todos os tipos de alimentos.


Quando comemos carboidratos, eles são digeridos em açúcares que circulam no sangue para fornecer energia para o cérebro e outras partes do corpo. Mas muito açúcar no sangue pode ser venenoso. O corpo regula o equilíbrio do açúcar no sangue usando o hormônio insulina, que desencadeia a remoção do açúcar do sangue para as células musculares e adiposas. Esse processo de remoção envolve um poro nas membranas da superfície do músculo e do tecido adiposo, chamado de transportador de glicose, por onde as moléculas de açúcar podem passar. Durante o jejum, o transportador de glicose permanece dentro do músculo e da gordura. Mas depois de uma refeição, a insulina age liberando o transportador de sua área de armazenamento para a superfície do tecido. A eficiência desse processo reflete a eficiência com que o açúcar pode ser removido do sangue. Quando esse caminho se rompe, pode levar ao diabetes.


Em humanos, uma proteína chamada clatrina - CHC22 - é necessária para o transportador de glicose levar a glicose à sua área de armazenamento. A forma da clatrina que apareceu nos primeiros humanos era menos eficaz na redução dos níveis de açúcar no sangue, mantendo os níveis de açúcar no sangue mais altos, o que contribuiu para o desenvolvimento de um cérebro maior.


Com a introdução na alimentação de mais carboidratos, inicialmente com a introdução da culinária e depois com a agricultura, houve uma necessidade evolutiva de uma clatrina que reduzisse mais rapidamente os níveis de açúcar no sangue, uma vez que muito mais açúcar era formado devido ao maior teor de carboidratos alimentares.


Mas atualmente, nem todo mundo tem essa nova variante do gene – tanto as variantes antigas quanto as mais novas estão presentes nas pessoas hoje.


Pessoas com diferentes formas de clatrina diferem em sua capacidade de controlar o açúcar no sangue após uma refeição. Em alguns casos, isso pode levar a níveis elevados de açúcar no sangue, o que, por sua vez, pode levar ao diabetes e a obesidade.






Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.


Para saber mais:


Elife. 2019 Jun 4;8:e41517.


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