O consumo dos alimentos ultraprocessados tem aumentado no mundo todo. Esses alimentos geralmente são projetados para atingir diretamente as vulnerabilidades do cérebro humano – em particular, para explorar a maneira como o cérebro processa sensações prazerosas. Eles geralmente enviam um sinal aos centros de recompensa do cérebro tão rápido e potente que muitos pesquisadores o consideram tão viciante quanto os opióides ou a nicotina.
Em 2019 foi publicado um estudo pela Universidade de Navarra, na Espanha, que acompanhou durante 15 anos 19.899 voluntários (de 1999 a 2014) e constatou que consumir mais de 4 porções diárias de alimentos ultraprocessados está associado a um aumento da mortalidade de 62%. A cada porção adicional, esse índice sobe mais 18%.
Outros estudos mostram o consumo desses alimentos está associado ao aumento da:
Mortalidade por todas as causas,
Doenças cardiovasculares,
Doenças vasculares cerebrais,
Sobrepeso e obesidade,
Câncer,
Hipertensão arterial,
Depressão e ansiedade.
Nenhum estudo relatou uma associação entre os alimentos ultraprocessados e resultados benéficos para a saúde.
ALIMENTOS PROCESSADOS
Quando um alimento in natura ou minimamente processado recebe adição de sal, açúcar ou outra substância de uso culinário, para torná-lo durável e mais agradável ao paladar, ele passa a ser considerado processado.
Alguns exemplos são cenoura, pepino, ervilhas, palmito, cebola, couve-flor preservados em salmoura ou em solução de sal e vinagre; extrato ou concentrado de tomate (com sal e ou açúcar); frutas em calda e frutas cristalizadas; carne seca e toucinho; sardinha e atum enlatados; queijos e pães feitos de farinha de trigo, leveduras, água e sal.
ALIMENTOS ULTRAPROCESSADOS
Alimentos ultraprocessados são definidos como formulações industriais tipicamente compostas por 5 ou mais ingredientes como:
Sal,
Açúcar - qualquer produto usado para adoçar como frutose; sacarose, xarope de milho rico em frutose, maltodextrina, xarope de bordo, mel, agave
Óleos Inter esterificados ,
Gorduras como a gordura vegetal hidrogenada,,
Outras substâncias de uso exclusivamente industrial como proteínas de soja e do leite e extratos de carnes,
Antioxidantes, conservantes,
Aditivos cosméticos: cores, sabores, intensificadores de sabor , emulsificantes, espessastes e adoçantes artificiais destinados a tornar o produto final mais palatável.
Na lista dos ultraprocessados encontramos:
Barrinhas de cereal e proteicas,
Biscoitos, sorvetes,
Balas e guloseimas em geral,
Cereais açucarados,
Bolos e misturas para bolo,
Sopas,
Macarrão e temperos instantâneos,
Molhos,
Salgadinhos de pacote,
Refrescos e refrigerantes,
Bebidas lácteas e Iogurte adoçados e aromatizados,
Energéticos,
Produtos congelados e prontos para aquecimento,
Extratos de carne de frango ou peixe empanados do tipo nuggets,
Salsichas e embutidos - presunto, peito de peru, linguiça, bacon, salames, etc....,
Pães de forma e pães para hambúrguer e cachorro quente.
Uma alimentação composta por ingredientes naturais como verduras, legumes e frutas frescas é o melhor caminho para a manutenção da saúde e longevidade.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Ultraprocessedfood and chronic noncommunicable diseases: A systematic review and meta-analysis of 43 observational studies.
Lane MM, et all.
Obes Rev. 2021 Mar;22(3):e13146.
Lustig RH.
Nutrients. 2020 Nov 5;12(11):3401
Elizabeth L, Machado P, Zinöcker M, Baker P, Lawrence M.
Nutrients. 2020 Jun 30;12(7):1955.
Anaïs Rico-Campà e all.
BMJ 2019;365:l1949
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