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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

PESO = O QUE COMEMOS – O QUE GASTAMOS?

Atualizado: 11 de dez. de 2023

Allana Collen, em seu livro 10% humano, conta a história da migração de 6.440 km que os pássaros da espécie sylvia borin fazem da Europa até a África.

Esses pássaros são um exemplo muito interessante que mostra que, mesmo nos animais, engordar e emagrecer são fenômenos que não dependem só do equilíbrio entre o que comemos e o que gastamos de energia. Antes de partirem esses passarinhos se preparam para esse longo percurso dobrando de peso em poucas semanas. Eles passam de 17 gramas a 37 gramas. Em termos humanos, é como se eles se tornassem morbidamente obesos. A cada dia ganham cerca de 10% de seu peso original que é o equivalente a um homem de 60 quilos ganhar 6 quilos por dia até atingir 132 quilos. Para engordar assim tão rápido, em tão pouco tempo, abandonam sua dieta de insetos e começam a comer frutinhas silvestres e figos sem parar. Por muito tempo os pesquisadores supuseram que o ganho de peso dessas e outras aves migratórias resultasse da comilança excessiva. Mas a rapidez incrível com que esses pássaros deixam de ser magrinhos e se tornam morbidamente obesos sugere que deve haver mais alguma coisa para ajudá-los a armazenar tanta gordura. Algo que tem menos a ver com a quantidade de comida que ingerem do que com a forma como o alimento é armazenado em seu corpo porque a quantidade de comida ingerida não era suficiente para explicar esse ganho de peso. Após o final da migração o peso desses passarinhos volta ao normal, a quantidade de comida que comem volta a cair, mas não o suficiente para explicar uma tamanha perda de peso tão rápido. Imagine uma pessoa ser capaz de perder 6 quilos todo dia durante sete dias: essa é a taxa de emagrecimento desses pássaros após o período migratório. Mesmo que um ser humano não comesse absolutamente nada, não sofreria uma perda de peso tão significativa. E OS PÁSSAROS EM CATIVEIRO? Os passarinhos dessa espécie criados em gaiolas reagem exatamente igual. Durante o período pré-migratório começam a ganhar peso, tornando-se totalmente obesos se preparando para a migração. Mais tarde, na época exata em que seus colegas selvagens chegam ao destino, as aves em cativeiro perdem o excesso de gordura. É extraordinário que espécimes privados de pistas sobre mudanças no clima, da duração do dia e com os mesmos suprimentos de comida, ainda assim consigam ganhar rapidamente reservas enormes de gordura para o período migratório e depois volar a emagrecer aparentemente sem esforço, numa sincronia perfeita com seus primos selvagens.

Embora ainda não se saiba como essa mudança de peso espantosa é regulada no corpo dos passarinhos da espécie sylvia borin, o fato de ocorrer para além das modificações na ingestão calórica e do gasto energético deixa claro que:

MANTER O PESO ESTÁVEL NEM SEMPRE É UMA SIMPLES QUESTÃO DE BALANCEAR O QUE ENTRA E O QUE SAI EM TERMOS CALÓRICOS.






Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.

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