Recentemente li no New York Times uma discussão interessante sobre a longevidade. Quanto tempo de vida o ser humano pode alcançar? O que dizem os pesquisadores dessa área?
Jeanne Calment espantou o mundo quando sua idade de 115 anos em 1990 foi descoberta em um estudo francês que pesquisava sobre as pessoas mais longevas. Ela viveu toda a sua vida na cidade queimada pelo sol de Arles, no sul da França, onde ela se casou com um primo de segundo grau e se mudou para um apartamento espaçoso acima da loja que ele possuía. Ela nunca precisou trabalhar, em vez disso, preenchia seus dias com atividades de lazer: andar de bicicleta, pintar, patinar e caçar. Ela saboreava uma taça de porto, um cigarro e um pouco de chocolate quase todos os dias. Na cidade, ela era conhecida por seu otimismo, bom humor e inteligência. Quando faleceu contava com 122 anos.
Jeanne Calmet, por ser a pessoa que alcançou a maior idade se tornou uma espécie de emblema do grande tema: Qual é exatamente o limite para a longevidade humana?
À medida que os avanços da ciência prolongam a vida, o número de pessoas de vida excepcionalmente longa está aumentando drasticamente. As Nações Unidas estimam que havia cerca de 95.000 centenários em 1990 e mais de 450.000 em 2015. Em 2100, haverá 25 milhões de centenários.
' A pessoa mais velha ainda viva é Kane Tanaka, 118, que mora em Fukuoka, Japão. Embora o número de supercentenários venha aumentando muito, até os dias de hoje, ninguém ultrapassou ainda a idade de 122 anos
Os cientistas, especialistas em longevidade humana, são atualmente separados em 2 grupos devido a suas opiniões: os que tem uma visão pessimista veem o tempo de vida como um pavio de vela que não pode durar muito tempo. Eles geralmente pensam que estamos nos aproximando rapidamente, ou já atingimos, um teto na expectativa de vida.
Os otimistas imaginam que poderemos sempre superar a expectativa de vida atual, antecipam ganhos consideráveis na expectativa de vida em todo o mundo, aumentando o número de pessoas extraordinariamente longevas empurrando o recorde para 125, 150, 200 e além.
Em 2016, um estudo publicado na revista científica Nature analisou os dados de décadas de mortalidade de vários países e concluiu que, embora a maior idade relatada de morte nesses países tenha aumentado rapidamente entre as décadas de 1970 e 1990, ela falhou a subir desde então e, oscila em torno de 115 anos.
Embora essa discussão sobre a longevidade humana seja muito interessante, acredito que mais importante do que ser um supercentenário é conseguir envelhecer com independência e qualidade da vida, com saúde mental e física, pelo maior tempo possível.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Aging and the Inevitable Limit to Human Life Span.
Gerontology. 2017;63(5):432-434.
Comments