O primeiro pensamento que vem à mente é que se ambos têm a mesma quantidade de calorias devem contribuir de forma equivalente no peso.
Mas, esse raciocínio não contempla todo o intrincado mecanismo metabólico associado à obesidade.
Um estudo recente, realizado com camundongos, mostrou que outros fatores interferem no ganho de peso, além das calorias. Um deles é o teor de fibras dos alimentos que sensibilizam nossos receptores intestinais responsáveis pelos estímulos cerebrais de saciedade. Legumes, verduras, e outras fontes de fibra, além de fontes de proteína são associados a maior saciedade.
Nesse estudo os camundongos em restrição calórica receberam a mesma quantidade de calorias, sendo que um grupo recebeu essas calorias de fontes com menor densidade energética, ou seja, as mesmas calorias em um volume maior de alimentos, e o outro grupo recebeu as mesmas calorias de forma mais condensada, ou seja, em menor volume.
Os camundongos que receberam a dieta com fontes de alimentos de menor concentração energética perderam mais gordura (e peso) provavelmente porque seu gasto energético (metabolismo basal) não foi tão reduzido quanto o do outro grupo.
Além disso, apresentaram menos “reações antecipatórias” à comida, ou seja, ficaram menos “excitados” ao serem expostos a estímulos que os fazia acreditar que seriam alimentados. Na prática, eram menos famintos!
Esse estudo sugere que comer em porções maiores, com menos calorias por grama, não só ajuda a aumentar a saciedade, mas pode ter impacto até mesmo na nossa adaptação metabólica!
Aumentar o teor de fibras na alimentação contribui para a saúde.
Além das fibras serem necessárias para um microbioma intestinal mais saudável, estão associadas a diminuição de diversos tipos de câncer, auxiliam na prevenção e no tratamento do diabetes, estão também associadas a saúde cardiovascular e diversos estudos mostram que contribuem para a prevenção e para o tratamento da obesidade.
Esse estudo mostra o potencial das fibras na prevenção da adaptação metabólica - diminuição do metabolismo basal- que ocorre em dietas com restrição calórica:
As fibras auxiliam na manutenção do metabolismo basal e diminuem a fome o que contribui para evitar o efeito sanfona causado pelas dietas.
Para que as fibras consigam exercer seu papel, elas precisam ser incorporadas na alimentação de forma diária e a longo prazo.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Calorie restriction and calorie dilution have different impacts on body fat, metabolism, behavior, and hypothalamic gene expression. Xue Liu et all.
Cell Rep. 2022 May 17;39(7):110835.
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