A rosácea é uma doença inflamatória crônica da pele caracterizada por episódios recorrentes de rubor facial, eritema, pústulas e telangiectasia.
Afeta principalmente mulheres de pele clara com mais de 30 anos de idade e suas causas ainda não são completamente esclarecidas. Além desses elementos genéticos, outros fatores de risco bem estabelecidos incluem aumento do consumo de álcool e exposição excessiva aos raios UV.
As teorias atuais destacam o papel dos desequilíbrios do microbioma cutâneo e do microbioma intestinal na rosácea. O desequilíbrio do microbioma produz substâncias inflamatórias e desequilíbrio do sistema imunológico, associadas a rosácea.
MICROBIOMA CUTÂNEO
Desequilíbrios em organismos cutâneos, têm sido implicados na patogênese da rosácea. incluindo:
Cutibacterium acnes;
Staphylococcus epidermidis -foi detectada em grandes quantidades nas lesões pustulosas de pacientes com rosácea;
Bacillus oleronius - bactéria gram-negativa associada ao Demodex , desencadeia vias inflamatórias por si só e está aumentado em pacientes com rosácea;
Demodex folliculorum - -Pacientes com rosácea demonstram densidades aumentadas de ácaros Demodex ( Demodex brevis e D. folliculorum ) na pele em comparação com controles. Esses ácaros habitam a unidade pilossebácea, onde sua fonte de alimento é sebo ou proteína. Os níveis de D. folliculorum em pacientes com rosácea são 5,7 vezes maiores que nos controles. Além disso, foi observada uma associação entre D. folliculorum e marcadores inflamatórios, sugerindo uma ativação deletéria do sistema imunológico inato. Entretanto, mais estudos são necessários para saber se o D. foliculorum é um dos fatores causais, ou uma consequencia da rosácea.
As alterações do sistema imunológico da pele, causadas pelo microbioma cutâneo desquilibrado, vem sendo estudadas e podem estar na raiz das alterações que levam a roséola. Entretanto, mais estudos ainda precisam ser realizados para que o papel do microbioma da pele seja esclarecido.
MICROBIOMA INTESTINAL
O Eixo Intestino-Pele pode ser facilmente presumido com base no número de doenças gastro intestinais que comumente se manifestam na pele.
O microbioma entérico diversificado e saudável, impede a passagem de substâncias nocivas através da superfície da mucosa intestinal. Um comprometimento da mucosa, seja por meio de alterações no microbioma ou doença autoimune, pode resultar na entrada de substâncias inflamatórias e nocivas na corrente sanguínea e afetar outros órgãos, como a pele.
Diversos estudos associaram doenças inflamatórias da pele a um microbioma intestinal desequilibrado. As bactérias intestinais nocivas podem servir como o gatilho subjacente para uma resposta imune exagerada.
Um estudo de coorte envolvendo 50.000 pacientes dinamarqueses com rosácea, mostrou uma prevalência aumentada de diversas doenças intestinais como: doença celíaca, doença de Crohn, colite ulcerativa, supercrescimento bacteriano no intestino delgado (SIBO) e síndrome do intestino irritável. Esse estudo, e muitos outros, fundamentam a noção de um eixo intestino-pele. Na verdade, Nam et al. vá um passo além, descrevendo o “eixo intestino-cérebro-pele” com base em evidências clínicas que demonstram a melhora da inflamação cutânea após a administração de prebióticos e probióticos e a exibição de atividade neuronal e inflamatória semelhante no intestino e na pele.
A H. pylori, uma bactéria gram-negativa helicoidal que reside no estômago, é um dos patógenos humanos mais comuns, provavelmente infectando mais de 50% da população em geral. Foi reconhecido como um fator causador de gastrite crônica, úlceras pépticas e câncer gástrico. A soropositividade também está associada a doenças cardiovasculares, respiratórias, neurológicas e autoimunes, bem como rosácea, psoríase e urticária idiopática na pele.
O papel do H. pylori na patogênese da rosácea não é claro, mas há muito se suspeita devido à alta prevalência de soropositividade na população com rosácea e a melhora clínica desses pacientes após a erradicação do H. pylori.
ESTRATÉGIAS TERAPÊUTICAS
Embora existam atualmente vários tratamentos para a rosácea, a maioria tem como alvo sintomas distintos e não a causa subjacente da doença. O tratamento geralmente começa com uma extensa educação do paciente sobre como evitar os gatilhos, e esses gatilhos podem incluir exposição solar, mudanças de temperatura, alimentos picantes e consumo de álcool, assim como evitar produtos cosméticos irritantes. No entanto, nem sempre evitar o gatilho leva à remissão dos sintomas.
Os tratamentos que visam o equilíbrio dos microbiomas cutâneos e gastrointestinais provaram ser eficazes:
Uma dieta saudável, rica em plantas, assim como o uso de prebióticos e probióticos são importantes para a melhora da microbiota intestinal.
Prebióticos e probióticos para a melhora da microbiota intestinal:
Pós bióticos.
3. Probióticos para a pele - são fragmentos de cepas de bactérias que estimulam a restauração do microbioma cutâneo. Eles também estimulam a produção de antibióticos naturais, ácido hialurônico, ácido lático e ceramidas na pele contribuindo para o reforço da barreira de defesa da pele, hidratação e também para a proteção contra micro-organismos causadores de doenças cutâneas;
SkinBiotics BifidO®
SkinBiotics® LactoB
As terapias futuras devem ter como alvo a inflamação gastrointestinal e a disbiose como forma de melhorar o desequilíbrio global do sistema imunitário e os sintomas subsequentes da rosácea que surgem.
Para saber mais:
Daou H, Paradiso M, Hennessy K, Seminario-Vidal L.Dermatol Ther (Heidelb). 2021 Feb;11(1):1-12.
Egeberg A, Weinstock LB, Thyssen EP, Gislason GH, Thyssen JP.
Br J Dermatol. 2017; 176 (1):100–106.
Zhu W, Hamblin MR, Wen X.
Front Microbiol. 2023 Feb 10;14:1108661.
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