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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

SÍNDROME CDKL5

Atualizado: 14 de abr. de 2024

Muitas famílias cujas crianças apresentam doenças raras tem conseguido um diagnóstico através dos novos exames genéticos como o exoma, a síndrome CDKL5 é uma delas. Como essa síndrome tem muitas características comuns com a síndrome de Rett, que é uma doença genética mais frequente e conhecida, a síndrome CDKL5 muitas vezes era confundida com a síndrome de Rett.


A síndrome CDKL5 foi identificada pela primeira vez em 2004, originalmente foi considerada uma variante da Síndrome de Rett. No entanto, embora tenham características semelhantes, a síndrome de deficiência de CDKL5 foi reconhecida como uma doença diferente da síndrome de Rett em 2020. Ela na Classificação Internacional de Doenças (CID) recebeu em 2020 o código de diagnóstico G40.42


A síndrome de Rett é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta principalmente mulheres, é tipicamente caracterizado por perda de habilidades de linguagem e do uso das mãos, marcha prejudicada ou ausente, dispraxia, déficits cognitivos, comportamentos estereotipados, convulsões e irregularidades autonômicas, incluindo alterações respiratórias e gastrointestinais e, osteoporose ou osteopenia prematuras.


A síndrome devida a alteração do CDKL5 tem características fenotípicas sobrepostas a síndrome de Rett, incluindo convulsões e atrasos no desenvolvimento, disfunção do trato gastrointestinal, escoliose, fala limitada ou ausente e distúrbios do sono. No entanto, o atraso no desenvolvimento costuma ser mais grave, iniciando desde o nascimento, com o início das convulsões antes dos 3 meses de idade. Embora seja mais frequente em mulheres, quando ocorre nos homens é bem mais grave.


Tanto a síndrome de Rett quanto a síndrome CDKL5 ocorrem por alterações no cromossomo X. A primeira é devida ao gene MECP2 em 90-95% dos casos, e a segunda a mutações no gene CDKL5.


EPILEPSIA


Na CDKL5 a epilepsia é de início precoce e normalmente refratária aos tratamentos o que compromete tanto a qualidade de vida quanto o neurodesenvolvimento.

Cerca de 90% dos pacientes com CDKL5 têm início das convulsões entre seis semanas a três meses de idade, sendo que 80% apresentam convulsões diárias.


DISTÚRBIOS GASTRO INTESTINAIS


Os sintomas gastrointestinais foram relatados pelos pais em até 86,5% dos casos no "International CDKL5 Disorder Database ", sendo na maioria das vezes constipação (70,9%), refluxo gastrointestinal (64,1%) ou deglutição de ar (27,1%). A disfagia e a distensão abdominal também são frequentes.

Cerca de 1 em cada 5 crianças dessa síndrome é alimentada por sonda.


OUTROS SINTOMAS:


• Grave atraso de desenvolvimento global

• Deficiência intelectual

• Hipotonia

• Distúrbios de sono

• Movimentos discinéticos,

• Distúrbios autonômicos e respiratórios

• Habilidades manuais muito limitadas

• Estereotipias manuais na forma de movimentos de toque ou boca

• Fala limitada ou ausente

• Hipersensibilidade ao toque, por exemplo, não gosto de escovar os cabelos

• Falta de contato visual ou contato visual inadequado

• Comprometimento visual cortical, também conhecido como "cegueira cortical"

• Características como um olhar de soslaio e hábito de cruzar as pernas

• Refluxo gastroesofágico e outros problemas gastrointestinais graves, como baixa motilidade intestinal

• Pés pequenos e frios

• Irregularidades respiratórias, como hiperventilação

• Ranger de dentes

• Episódios de rir ou chorar sem motivo aparente

• Tônus muscular baixo / pobre

• Algumas tendências autistas

• Escoliose

• Apraxia

• Desafios de comer / beber (recusa em comer e beber, bem como parar de comer por completo)

• Sono interrompido


NOVO TRATAMENTO APROVADO PARA AS CONVULSÕES - GANAXOLONE


Recentemente a ganaxolona (Ztalmy) foi o primeiro medicamento aprovado para o tratamento das convulsões no CDKL5 e demonstrou ter um perfil de risco-benefício positivo. Espera-se que o agente esteja disponível em julho de 2022 nos USA.

A ganaxolona é ​​um esteroide neuroativo que atua como um modulador alostérico positivo do receptor GABAA. A aprovação foi dada em decorrência do estudo de fase 3, duplo cedo e controlado por placebo que analisou 101 pacientes mostrando uma redução média de 30,7% na frequência de convulsões motoras maiores em 28 dias, em comparação com uma redução de 6,9% para aqueles que receberam placebo. O resultado foi estatisticamente significativo ( P = 0,0036).


No estudo de extensão aberto, aqueles que receberam a ganaxolona por pelo menos 1 ano (n = 48) relataram uma redução média de 49,6% na frequência de convulsões motoras maiores.


A ganaxolona demonstrou eficácia, segurança e tolerabilidade em geral. Os eventos adversos mais comuns (incidência ≥5% e pelo menos duas vezes a taxa de placebo) no grupo ganaxolona foram sonolência, febre, hipersecreção salivar e alergia sazonal.


NOVIDADES DO CDKL25 FORUM 2022 - BOSTON - divulgadas por Ana Carolina que é mãe de uma menina com CDKL5 e tem prestado enormes serviços na divulgação dos avanços científicos que envolvem essa doença rara. Veja o vídeo da Ana Carolina aqui.






TEORIA GÊNICA - modifica o curso da doença

















Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para acompanhar pesquisas em andamento:




Associações e mídias sociais


Para saber mais:


Sam Amin et all.

Front. Neurol., 20 June 2022 | https://doi.org/10.3389/fneur.2022.874695

Kadam SD, et all

Int J Mol Sci. 2019 Oct 15;20(20):5098.

Demarest S, et all

Pediatr Neurol. 2019 Aug;97:38-42.


Olson HE, et all

Pediatr Neurol. 2019 Aug;97:18-25.





Lancet Neurol. 2022 May;21(5):417-427.



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