O equilíbrio físico e mental é essencial para a saúde. Ambos são intrinsecamente ligados. Uma doença física pode abalar o emocional, assim como as doenças emocionais podem contribuir para o aparecimento e agravamento de doenças físicas. Mente e corpo são uma via de mão dupla.
O estresse contínuo pode agravar tanto a saúde física quanto a mental e dar início a um círculo vicioso que culmina com a piora da função de todo o organismo.
Os transtornos de ansiedade afetam quase 20% dos adultos americanos. A ansiedade causa uma superabundância de respostas de luta ou fuga que preparam o corpo para a ação, aumentando a respiração, aumentando a frequência cardíaca e redirecionando o fluxo sanguíneo dos órgãos abdominais para os músculos que auxiliam no confronto ou, na fuga do perigo.
Essas ações protetoras decorrem dos neurotransmissores adrenalina e noradrenalina que estimulam o sistema nervoso simpático e colocam o corpo em alerta máximo. Mas quando são invocados com muita frequência e indiscriminadamente, a superestimulação crônica pode resultar em todos os tipos de doenças físicas.
A depressão, embora menos comum do que a ansiedade crônica, pode ter efeitos ainda mais devastadores sobre a saúde física.
Durante a pandemia e todas as consequências emocionais e econômicas causaram um grande estresse na vida de muitas pessoas e foram acompanhadas de um aumento da depressão e da ansiedade. O CDC - Centers for Disease Control and Prevention dos USA - relatou recentemente que, desde o início da pandemia, 41% dos americanos relataram sintomas de ansiedade ou depressão - contra cerca de 11% em 2019. As tendências foram ainda mais alarmantes para as crianças. Em comparação com 2019, as visitas relacionadas à saúde mental no pronto-socorro para crianças de 5 a 11 e 12 a 17 anos aumentaram em 24% e 31%, respectivamente.
A depressão e a ansiedade contribuem para o aumento e agravamento das doenças crônicas. Pessoas com depressão geralmente não se exercitam o suficiente, cuidam menos da alimentação e tem o sono prejudicado. Muitos recorrem ao álcool e as drogas para aliviar as tensões. Esses fatores são como uma bomba relógio que aumenta as chances de uma doença crônica se desenvolver.
Muitas pessoas relutam em procurar tratamento para doenças emocionais. Algumas pessoas com ansiedade ou depressão podem temer ser estigmatizadas, mesmo que reconheçam que têm um problema psicológico sério. E, às vezes, a família e os amigos inadvertidamente reforçam a negação de sofrimento mental de uma pessoa, rotulando-o como “ele é assim mesmo” e não fazem nada para encorajá-los a procurar ajuda profissional.
O tratamento das doenças emocionais auxilia sobremaneira no tratamento e na prevenção de diversas doenças crônicas. Se esses desequilíbrios emocionais ocasionados ou não, pela pandemia não forem tratados, eles ocasionarão sem dúvida na sequência, uma onda de doenças crônicas.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
To Prevent Chronic Illness, Start With Mental Health — The two are inextricably linked
John Frownfelter, MD
MedPage Today, July 24, 2021
Anjel Vahratian, et all.
Weekly / April 2, 2021 / 70(13);490–494
Rebecca T. et all
Weekly / November 13, 2020 / 69(45);1675–1680
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