Um estudo recente mostrou que uma injeção semanal de semaglutida levou a uma perda de peso de 5% em 2/3 das pessoas com sobrepeso que participaram do estudo de fase 3 “Semaglutide Treatment Effect in People With Obesity 2 (STEP 2)” publicado em 2 de março no The Lancet.
Mais de 1000 pacientes (peso médio inicial, 100 kg foram divididos em 3 grupos aleatoriamente, além de orientações de modificações no estilo de vida que incluíam modificações na alimentação e atividade física cada grupo recebeu uma injeção semanal de semaglutida 2,4 mg ou semaglutida 1,0 mg ou placebo, respectivamente, de seu peso inicial.
Além disso, 69% dos pacientes que receberam 2,4 mg de semaglutida experimentaram uma perda de peso clinicamente significativa de 5%, em comparação com 57% dos pacientes que receberam a dose mais baixa e 29% dos pacientes que receberam placebo.
A maior dose de semaglutida foi associada a uma maior melhora nos fatores de risco cardiometabólico. O perfil de segurança foi semelhante ao observado com outros medicamentos desta classe.
Associado a perda de peso, os pesquisadores observaram melhoras reais na saúde geral, com melhora significativa nos escores de funcionamento físico, pressão arterial e controle de glicose no sangue.
Ildiko Lingvay, do Southwestern Medical Center da Universidade do Texas, em Dallas, autor sênior do estudo afirmou que "é de longe o melhor resultado que tivemos com qualquer medicamento para perda de peso em pacientes com diabetes", Mais de um quarto dos participantes perderam mais de 15% de seu peso corporal" o que é um dos resultados mais promissores para medicamentos para o tratamento do aumento de peso.
A semaglutida atua suprimindo os centros de apetite no cérebro para reduzir a ingestão calórica aumentando a saciedade.
Os efeitos colaterais mais importantes foram os eventos gastrointestinais que foram principalmente de gravidade leve a moderada. Foram relatados por 64% dos pacientes no grupo de semaglutida 2,4 mg, 58% no grupo de semaglutida 1,0 mg e 34% no grupo de placebo.
Em janeiro de 2020 o FDA americano liberou a comercialização da Semaglutida versão via oral de uso uma vez ao dia para uso no diabetes tipo 2 (Rybelsus) em doses de 7 mg e 14 mg visando melhorar o controle glicêmico junto com dieta e exercícios. É o primeiro agonista do GLP-1 disponível na forma de comprimido. Entretanto, ainda não temos estudos robustos sobre o efeito da semaglutida oral no tratamento da obesidade.
O grande empecilho atual no uso da semaglutida intra muscular no tratamento da obesidade é o seu custo, principalmente nas doses maiores, que ainda são proibitivos. Como todos os medicamentos, o seu custo deverá diminuir com o tempo permitindo o seu uso por uma faixa maior de pessoas.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Melanie Davies, et all.
Lancet. 2021 Mar 2:S0140-6736(21)00213-0
Marlene Busko
Medscape, 05 de março de 2021
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