O organismo humano, assim como o de todos os vertebrados (com exceção dos insetos), produz substâncias similares aos compostos encontrados na planta Cannabis Sativa (maconha). A função dessas substâncias é auxiliar na manutenção do equilíbrio fisiológico do organismo (homeostase).
As substâncias endocanabinóides, associadas aos receptores canabinóides e às substâncias responsáveis tanto pela síntese quanto pela degradação dos endocanabinóides constituem o Sistema Endocanabinóide.
Em 1998 o professor Vicenzo di Marzo definiu o sistema endocababinóide como um sistema que equilibra as seguintes funções do organismo:
Comer
Dormir
Esquecer (experiências traumáticas)
Relaxar
Proteger
As pesquisas que demonstraram a presença do Sistema Endocanabinóide no organismo humano tiveram início em 1990 pelo pesquisador Dr. Raphael Mechoulam que, inicialmente, descobriu a presença de receptores de canabinóides no cérebro do rato, depois no cérebro humano e, posteriormente, em outras partes do organismo humano.
Dois tipos principais de receptores de canabinóides foram encontados: CB1 e CB2. Os receptores CB1 estão localizados principalmente no sistema nervoso central, enquanto os receptores CB2 estão localizados principalmente no sistema imunológico. Quando os canabinóides se ligam a esses receptores, eles podem afetar a função celular, alterando a liberação de neurotransmissores e modulando a atividade celular.
A presença de receptores para os canabinóides no corpo humano levantou uma questão muito intrigante na época:
O organismo produz as suas substâncias canabinóides?
ou
Essas substâncias seriam como vitaminas que, embora o organismo não produza, são necessárias para seu metabolismo?
As pesquisas então mostraram que o organismo humano produz substâncias similares aos compostos encontrados na planta Cannabis Sativa (maconha), sendo as mais conhecidas a Anandamida, descoberta em 1992, e o Araquidonoilglicerol (2-AG).
Essas descobertas foram cruciais para a compreensão da função do sistema endocanabinoide no corpo humano e para o desenvolvimento de medicamentos e terapias que visam modular o sistema endocanabinoide para tratar diversas doenças e condições.
Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.
Para saber mais:
Rafael Calixto Fernandes
PEBMED 2019
Biol Psychiatry . 2016 Apr 1;79(7):516-25.
Int. J. Mol. Sci. 2018, 19(3), 833; https://doi.org/10.3390/ijms19030833
Br J Pharmacol. 2008 Jan;153(2):263-70.
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