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SURAMINA - NOVOS ESTUDOS NO TEA.

  • Foto do escritor: Berenice Cunha Wilke
    Berenice Cunha Wilke
  • 12 de nov. de 2021
  • 4 min de leitura

Atualizado: 13 de abr. de 2024

A suramina foi sintetizada pela primeira vez por químicos da Bayer na Alemanha em 1916 e seu uso em humanos se restringe, até o momento, para tratar a doença do sono africana (tripanossomíase) aonde é usada há 100 anos. Milhões de adultos e crianças foram tratados com suramina na África.


AÇÃO PURINÉRGICA DA SURAMINA


O autismo é considerado uma doença multifatorial, causada por fatores genéticos e ambientais. O que intrigava o Dr. Naviax era o fato de que não importava quais genes ou contaminações ambientais, a sintomatologia apresentada nos quadros de autismo era muito similar embora em diferentes graus - anormalidades na comunicação social, interesses restritos, comportamentos repetitivos, adesão à rotina e / ou comportamentos sensoriais atípicos - sugerindo a presença de um fator comum na raiz desses sintomas.


Uma abordagem para enfrentar o desafio de multiplas etiologias do TEA é definir uma fisiopatologia comum que pode contribuir para os sintomas diagnósticos essenciais, independentemente dos gatilhos genéticos e ambientais iniciais. E, esse fator comum poderia ser a resposta ao perigo celular que afeta a produção do ATP,


O ATP é feito dentro das células e usado nas células para a produção de energia. Já o ATP extracelular (eATP), tem propriedades de sinalização como os neurotransmissores atuando nos receptores purinérgicos. A teoria purinérgica do autismo propõem que as anormalidades na sinalização de ATP poderiam estar na raiz do TEA.


Em 1988, a suramina mostrou ser um antagonista competitivo (inibidor) da sinalização do ATP, o que faz a suramina ser o medicamento antipurinérgico mais antigo. Até hoje, a suramina continua sendo o único medicamento com propriedades antipurinérgicas aprovado para uso humano.

Novos medicamentos antipurinérgicos (antagonistas) e propurinérgicos (agonistas) estão agora sendo sintetizados e testados, mas poucos completaram os ensaios clínicos de Fase 3 e foram aprovados para uso em seres humanos.

ESTUDOS SOBRE O EFEITO DA SURAMINA NO AUTISMO


Dr. Naviaux testou os efeitos da suramina no autismo pela primeira vez em 2011, utilizando a suramina para tratar camundongos autistas que apresentaram melhora dos sintomas autÍsticos.


Em 2017, Dr. Naviaux foi o responsável por um novo estudo duplo cego e randomizado com grupo placebo, mas desta vez o estudo foi feito em um grupo de 10 crianças autistas de 5 a 14 anos, divididas em 2 grupos, pareados de mesma idade, QI e grau de autismo. Em um grupo foi administrado 1 aplicação de suramina EV em dose baixa e no grupo controle uma solução salina.


Os pais relataram que após o tratamento com a suramina, houve melhora em diversos aspectos: linguagem, interação social, diminuição de comportamentos restritos ou repetitivos medidos pelos escores ADOS, ABC, ATEC e CGI. A melhora das crianças após a dose única de suramina continuou a aumentar por 3 semanas, diminuindo gradualmente em direção ao valor basal nas 3 semanas seguintes. No grupo controle não houve nenhuma melhora significativa. Este estudo também mostrou a segurança do uso da suramina em baixas doses em crianças.


Tínhamos quatro crianças não-verbais no estudo”, disse dr. Naviaux, “duas de 6 anos e duas de 14 anos. O menino de seis e o de 14 anos que receberam suramina proferiram as primeiras sentenças de suas vidas cerca de uma semana após a infusão única de suramina. Isso não aconteceu em nenhuma das crianças que receberam o placebo. ”


Ensaios maiores e mais longos são necessários para avaliar o efeito da suramina no TEA, Esses estudos precisam incluir múltiplas doses de suramina por longos períodos de tempo, permitindo aos pesquisadores mapear se as melhoras obtidas continuam ou se efeitos colaterais incomuns aparecem quando o número de doses e o de participantes é maior.



Este estudo deverá ter seus resultados publicados em breve segundo a empresa. Foi um estudo de fase 2, randomizado, duplo-cego, controlado por placebo, projetado para testar a eficácia e segurança da suramina em meninos de 4-17 anos com TEA moderado a grave.


52 meninos, com idades de 4 a 15 anos, foram incluídos em 3 grupos de tratamento: suramina 10 mg / kg, suramina 20 mg / kg e placebo que foram administrados por infusão intravenosa no início do estudo, na semana 4 e na semana 8 e uma última avaliação foi feita na semana 14.


Segundo os autores a dose de 10 mg/kg mostrou maior eficácia, tolerabilidade e segurança do que a dose de 20 mg/kg. As limitações do estudo incluem o pequeno tamanho da amostra e análises exploratórias que requerem confirmação em um estudo maior.


A PaxMedica pretende iniciar um estudo de fase II B.




NOVO ESTUDO SOBRE OS EFEITOS DA SURAMINA NO AUTISMO



Conforme informações adicionais sobre a nova pesquisa forem disponibilizadas, elas serão postadas no site do laboratório do - naviauxlab.ucsd.edu - e divulgadas através da mídia.


A SURAMINA É UMA DROGA AINDA NÃO APROVADA PARA USO NO AUTISMO


Atualmente a suramina não está aprovada para nenhum uso em humanos nos Estados Unidos, exceto para lidar com os poucos casos da doença do sono africana


No autismo a suramina ainda está em fase de estudos. Enquanto esses estudos não forem concluídos ela não poderá ser usada no tratamento de pessoas no TEA.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para saber mais:



Low-dose suramin in autism spectrum disorder: a small, phase I/II, randomized clinical trial

Ann Clin Transl Neurol . 2017 May 26;4(7):491-505.




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