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  • Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

SUZANA HERCULANO-HOUZEL - UMA MULHER AUTISTA.

Atualizado: 13 de abr.

As pessoas com autismo adulto têm uma dificuldade muito maior para serem diagnosticadas. Provavelmente porque as formas mais leves do autismo, associadas a maior performance cognitiva trazem um desafio maior para o diagnóstico.


Recentemente, Suzana Herculano-Houzel, que é bióloga e neurocientista, declarou-se autista. É reconhecida internacionalmente como uma das principais pesquisadoras sobre a evolução do cérebro. Professora associada aos departamentos de Psicologia e Ciências Biológicas da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos, onde leciona desde 2016, é a primeira brasileira a receber o Scholar Award da James S. McDonnell Foundation (JSMF).


Ela relata que após a leitura do livro "Um Antropólogo em Marte", do neurologista Oliver Sacks, passou a entender vários aspectos da sua personalidade. O último conto do livro, chama-se "Um antropólogo em Marte", e fala sobre Temple Grandin, uma mulher autista, Ph.D. em ciência animal e professora da Colorado State University. Apesar das adversidades, ela tornou-se uma importante autoridade mundial em sua área de atuação profissional. Curiosamente, a linguagem técnica era muito mais acessível a essa pesquisadora do que a linguagem social, o que permitiu que ela se adaptasse à vida fazendo ciência. A ciência a medicou, ao mesmo tempo em que se tornou seu refúgio. Durante toda sua vida, ela dizia-se se sentir como um "antropólogo em Marte". Provavelmente, essa sensação pode ser compartilhada por muitas outras pessoas com autismo.


Abaixo trechos da coluna de Reinaldo José Lopes, na Folha de São Paulo, sobre a entrevista que fez com Suzana Herculano:


"Era exatamente como a minha mãe sempre se referia a mim. Ela me chamava de marcianinha", explica a neurocientista. "Bicho do mato" era outra expressão familiar usada para designá-la. Ao mesmo tempo, tal como um antropólogo, ela conta que tentava observar e entender ao máximo o comportamento dos outros —em geral, mais a distância.


"Eu sempre soube que era esquisita, sobretudo quando comparada com a minha irmã, que sempre foi extremamente social, esperta e carismática. Eu vivia quieta no meu canto, acuada. Toda vez que a situação envolvia algum estresse social ou emocional, eu ficava muda, literalmente muda." Pais e professores tinham de usar uma longa lista de perguntas para a menina calada e debulhada em lágrimas — "foi por causa disso? Foi por causa daquilo?" — até atinarem com a pergunta correta, que era respondida com um aceno de cabeça e o fim do mutismo.


"No final do meu terceiro casamento aqui nos Estados Unidos, eu me dei conta de que a fonte dos atritos e dos desentendimentos eram problemas de comunicação. E todos eles, no final das contas, tinham a ver com o fato de cada um de nós funcionar de maneiras completamente diferentes. E de eu tentar interagir com uma pessoa que achava perfeitamente normal a gente funcionar com base em expectativas e inferências sobre qual foi a intenção do outro", relata ela.


É aqui que mais uma peça entrou no lugar. Para Herculano-Houzel, isso acontecia porque pessoas com autismo baseiam seu comportamento social exclusivamente em fatos e evidências, que podem ser verificados diretamente por eles —e em mais nada.


Recentemente Suzana passou a divulgar o colar de margaridas que passou a usar em situações de grande sobrecarga sensorial como trens e aviões.





Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.


Para saber mais:



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