top of page
  • Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

SÍNDROME BRÂNQUIO-ÓCULO-FACIAL (BOFS)

Atualizado: 14 de abr.

A síndrome branquio-óculo-facial é uma condição rara que afeta o desenvolvimento antes do nascimento, principalmente das estruturas da face e do pescoço. Suas características incluem anomalias da pele no pescoço, malformações dos olhos e orelhas e características faciais distintas.


Os arcos branquiais também chamados de arcos faríngeos são estruturas em forma de arco presentes na vida embrionária e são os precursores da face e do pescoço. As primeiras estruturas relacionadas com os arcos faríngeos surgem no embrião humano na quarta semana de desenvolvimento embrionário, através da formação de regiões salientes semelhantes a arcos. Cada arco tem componentes cartilaginosos, musculares, nervosos e artérias próprios, que vão colaborar para o desenvolvimento das estruturas que são formadas no desenvolvimento da cabeça e do pescoço.



Ela se caracteriza por alterações oculares, auriculares e craniofaciais .


1- As alterações craniofaciais frequentemente encontradas são:

  • Pseudofissuras labiais,

  • Fissuras labiais associadas ou não a fissuras de palato,

  • Palato estreito e ogival,

  • Nariz assimétrico e malformado com ponte larga e achatada

  • Aspecto característico com dolicocefalia (crânio alongado)

  • Hipertelorismo (distância entre os olhos aumentada) ou telecanto (aumento da distância entre o canto dos olhos),

  • Ponta nasal larga,

  • Fissuras palpebrais inclinadas para cima

  • Lábio leporino ou pilares filtrais proeminentes (tecnicamente conhecidos como lábio leporino de menor forma, com ou sem fenda palatina, mas sem fenda palatina isolada)

  • Hipoplasia do nervo facial inferior e/ou muscular (cara de choro assimétrica, fraqueza parcial do 7º nervo craniano)

  • Anomalias do ouvido interno e do osso petroso, como displasia coclear, displasia de Mondini e aqueduto vestibular alargado

  • Perda auditiva (condutiva, neurossensorial, mista)


2- Os defeitos da pele branquiais (cervicais ou infra ou supra-auriculares) que variam de:

  • Pele fina

  • Lesões eritematosas "hemangiomatosas" a grandes erosões exsudativas;

  • Lesões hemangiomatosas cobertas por uma porção de pele anormal,

  • Associados ou não a fossetas pré-auriculares ou auriculares,

  • Perda auditiva em 70% dos acometidos

  • Posicionamento baixo das orelhas


3- Alterações oculares como

  • Microftalmia - olhos pequenos,

  • Anoftalmia - ausencia dos olhos,

  • Coloboma,

  • Catarata,

  • Obstrução do ducto nasolacrimal,

  • Miopia,

  • Estrabismo,

  • Ptose

  • Hipertelorismo ocular - aumento da distância entre os olhos - ou telecanto = aumento da distância entre o canto dos olhos,

4- Outras manifestações raras desta síndrome:

  • Anormalidades renais,

  • Embranquecimento prematuro dos cabelos e cistos no couro cabeludo

  • Retardo mental moderado

  • Ausência de incisivos superiores decíduos

  • Dentes hipoplásicos

  • Unhas displásicas

  • Cistos subcutâneos (semelhantes a dermóides, geralmente no couro cabeludo; menos comumente na região da cabeça e pescoço)

  • Desenvolvimento psicomotor alterado (normalmente o desenvolvimento psicomotor é normal)

  • Transtorno do espectro do autismo, deficiência intelectual (raro)

  • Deficiências visuais e auditivas (comum)

  • Heterocromia da Iris

  • Defeito cardíaco congênito (defeito do septo atrial, tetralogia de Fallot)

  • Polidactilia (bilateral, geralmente pós-axial)

  • Meduloblastoma (1 caso descrito)


A síndrome branquio-óculo-facial (SBOF) é uma doença autossômica dominante rara com expressão altamente variável e dependente das mutações genéticas presentes. Foram descritos menos de 150 indivíduos com diagnóstico clínico e/ou molecular bem descritos o que a torna uma doença rara.


Ocorre devido a alterações do gene TFAP2A, localizado no cromossomo 6, que pode estar deletado ou apresentar mutações.


Essa síndrome pode decorrer de mutações novas em 50 a 60% dos casos ou em 40 a 50% devido a um dos pais terem a variação genética.


O diagnóstico pode ser feito pelo exoma incluindo a análise de duplicações e deleções ou pela análise do gene TFAP2A quando o diagnóstico clínico é sugestivo da síndrome de BOFS.


As pessoas com essa síndrome precisam de uma avaliação completa incluindo a avaliação auditiva, visual, da pele e psicológica. Além disso é necessário fazer a avaliação renal e cardiológica.


  JADL , 12 anos com Síndrome de BOFS - Fotos cedidas gentilmente pela mãe.







Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para acompanhar pesquisas em andamento:




Para saber mais:


Lin AE, Haldeman-Englert CR, Milunsky JM.31 de maio de 2011 [atualizado em 29 de março de 2018]. In: Adam MP, Ardinger HH, Pagon RA, Wallace SE, Bean LJH, Gripp KW, Mirzaa GM, Amemiya A, editores. GeneReviews ® [Internet]. Seattle (WA): Universidade de Washington, Seattle; 1993-2022.

Distúrbios da Comunicação 31(3):475-480 October 2019





68 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page