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Foto do escritorBerenice Cunha Wilke

ÔMEGAS 3 E 6 NA PROTEÇÃO CEREBRAL

Atualizado: 14 de abr. de 2024

Ômega-3 e ômega-6 são ácidos graxos poli-insaturados considerados essenciais pois, assim como as vitaminas, não são produzidos pelo nosso organismo, e devem ser adquiridos através da alimentação. Eles são necessários para a saúde geral do organismo e são fundamentais para o metabolismo e estrutura cerebral.


O nosso cérebro utiliza o ômega-3 de cadeia longa. Nos alimentos podemos ter o ômega-3 de cadeia curta como o ácido α-linolênico (ALA) ou os de cadeia longa como o ácido eicosapentaenóico (EPA) e o ácido docosahexaenóico (DHA). Os ômegas de cadeia curta oriundos da alimentação, através de diversos processos metabólicos sofrem um processo de elongação, dando origem aos ômegas 3 de cadeia longa tão benéficos ao metabolismo cerebral.


O ALA, ômega 3 de cadeia curta, é encontrado em vegetais de folhas verdes, sementes de linhaça, nozes, soja e óleos vegetais. O EPA e DHA são encontrados naturalmente em peixes marinhos de águas frias e profundas, como salmão, sardinhas, atum e algumas algas.


Os ômega-6 também podem ser de cadeia curta como o ácido linolênico (AL), encontrado principalmente em alimentos de origem vegetal, como os óleos vegetais e seus derivados, e que pode ser metabolizado nos ômega-6 de cadeia longa como o ácido aracdônico (AA) e ácido gama-linolênico (GLA).


Os omega 3 e 6 além de serem constituintes essenciais das membranas plasmáticas e terem um papel primordial nas membranas plasmáticas cerebrais, eles participam de diversos outros processos metabólicos como as reações inflamatórias e sua resolução e são constituintes importantes do sistema endocanabinoide.


Os omegas 3 e 6 são são precursores de uma variedade quase infinita de metabólitos, e os endocanabinóides fazem parte deles. Endocanabinoides são substâncias químicas produzidas pelo nosso organismo que tem estrutura química semelhante aos derivados da planta cannabis. Essas substâncias fazem parte do sistema endocanabinóide que atua, como definiu em 1988 o professor Vicenzo di Marzo como um sistema que equilibra as seguintes funções do organismo:

  • Comer

  • Dormir

  • Esquecer (experiências traumáticas)

  • Relaxar

  • Proteger (neuroproteção)

Os 2 principais endocanabinoides produzidos no nosso organismo tem efeito importante no cérebro: anandamida e o 2-araquidonoilglicerol (2-AG). Ambos são derivados diretamente do ácido araquidônico (ARA) que é o ômega-6 mais abundante no cérebro. Curiosamente, os endocanabinóides derivados dos ômega-3 ainda tem seu papel no cérebro indefinido.


Os ômega-6 são pró-inflamatórios, enquanto os ômega-3 atuam como anti-inflamatórios. A saúde depende do equilíbrio entre esses 2 processos. Particularmente o cérebro é muito sensível aos processos inflamatórios o que torna a presença do omega-3 de cadeia longa, pela sua ação anti-inflamatória entre outras, primordial na saúde cerebral.


Para que nosso metabolismo funcione adequadamente, os processos de inflamação e desinflamação ocorram e, os endocanabinóides sejam produzidos em quantidades adequadas, é necessário que a alimentação forneça a quantidade correta de ômega 3 e 6.


Diversos estudos científicos estabeleceram que a proporção ideal de ômega-6 e ômega 3 na dieta é de cerca de 5:1.


No entanto, nossa dieta moderna apresenta um grande desequilíbrio entre os ômegas 3 e 6, com uma proporção média estimada de 20:1 de ômega 6:ômega 3, ou seja, a alimentação ocidental propicia um excesso de ômega 6 e uma deficiência de ômega-3.

Estima-se que o cérebro necessita de 18 mg/dia de ARA (ômega 6) e 4 mg/dia de DHA (ômega 3).


A deficiência alimentar em ômega 3 tem sido associada a inúmeras doenças, e o desequilíbrio de ômega 6 e ômega 3 no cérebro está ligado a vários distúrbios neurológicos e neuropsiquiátricos.




Sou Dra. Berenice Cunha Wilke, médica formada pela UNIFESP em 1981, com residência em Pediatria na UNICAMP. Obtive mestrado e doutorado em Nutrição Humana na Université de Nancy I, França, e sou especialista em Nutrologia pela Associação Médica Brasileira. Também tenho expertise em Medicina Tradicional Chinesa e uma Certificação Internacional em Endocannabinoid Medicine. Lecionei em universidades brasileiras e portuguesas, e atualmente atendo em meu consultório, oferecendo minha vasta experiência em medicina, nutrição e medicina tradicional chinesa aos pacientes.



Para saber mais:

Clémentine Bosch-Bouju e Sophie Layé DOI: 10.5772/62498 (2016)

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